Uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que o consumo de cigarros aumentou durante o isolamento social. Ansiedade, tristeza e depressão estão entre as causas apontadas para esse crescimento.
A Fundação ouviu 44 mil pessoas entre abril e maio deste ano. Do total de entrevistados, cerca de 34% se declararam fumantes. Dentre esse público, a pesquisa mostrou que todos, sem exceção, afirmaram estar fumando mais após a pandemia do novo coronavírus.
Da fatia de fumantes que participaram do levantamento, 6% disseram que fumam 5 cigarros a mais por dia. Cerca de 23% consomem 10 cigarros a mais e 5% aumentaram o consumo diário em 20 cigarros, ou seja, um maço inteiro.
A pesquisa também mostrou que, em geral, as mulheres estão fumando mais do que os homens. O fato de ficar confinado pode aumentar a necessidade de nicotina. A pneumologista Cileia Martins afirma que a substância age rapidamente no cérebro, e por isso causa tanta dependência.
“A nicotina, a medida que você tem um nível mais baixo dela no organismo, mais necessidade a pessoa tem de consumir. Então, infelizmente, nesse período que estamos vivendo, de isolamento social, onde você tem que ficar mais restrito em casa e não pode ter contato com outras pessoas, evidentemente vai haver um aumento do uso do cigarro. Essas pessoas usam o cigarro como uma forma de bengala. Ele é um falso amigo”, disse a médica.
Ela também explica que o tabagismo contribui para o desenvolvimento de várias doenças, mesmo depois que a pessoa já tenha parado de fumar.
“Esse paciente poderá ter no futuro enfisema pulmonar, quem já teve asma e forem fumantes, terão quadro agravado, favorece o câncer de bexiga, câncer de pulmão, alterações renais graves, envelhecimento precoce da pele, e envelhecimento precoce de todos os órgãos, já que o pulmão é o nosso ‘tanque de gasolina’ responsável pela nossa oxigenação”, afirmou Cileia.
No Brasil, mais de 150 mil pessoas morrem todo ano vítimas das consequências do tabagismo. A pneumologista lembra que os fumantes estão incluídos no grupo de risco para a covid-19, ou seja, se forem contaminados, possuem mais chance de contrair a forma grave da doença.
“Essas pessoas que foram fumantes ou que são fumantes vão fazer parte do grupo de risco, porque elas já tem um organismo debilitado, com baixa imunidade, e vão acabar desenvolvendo uma forma de covid-19 mais grave do que uma pessoa que nunca teve contato com cigarro”, completou a especialista.
*Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV.