
A gravidez provoca várias alterações fisiológicas na mulher, entre elas a queda da imunidade. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto isso explica o surto de transmissão intrauterina de algumas cepas de vírus que podem causar graves doenças oculares e até cegar os bebês, como aconteceu com o zika em 2015, e mais recentemente com o morbillivirus transmissor do sarampo que se for contraído pela gestante provoca catarata congênita no recém-nascido.
Transmissão vertical
O especialista afirma que a boa notícia para gestantes é que apesar de estarmos vivendo uma alarmante pandemia de COVID-19, um recente estudo realizado com nove gestantes no Hospital Zhongnan da Universidade de Wuhan na China revela que o novo vírus não foi transmitido pela mãe aos bebês durante a gestação. “O resultado não é conclusivo pelo pequeno tamanho da amostragem. Mas, as avaliações do líquido amniótico, sangue do cordão umbilical e amostras de esfregaço de garganta neonatal sugerem que a contaminação de mulheres por coronavírus no terceiro trimestre da gestação não foi transmitida ao bebê”, salienta.
O exame do leite materno também não apresentou contaminação. Por isso, mães sem sintoma de COVID-19 podem amamentar seus bebês sem medo.
Piora do ceratocone
A má notícia é que a queda da imunidade na gravidez e as mudanças hormonais provocam uma piora acentuada do ceratocone. Queiroz Neto explica que a doença fragiliza as fibras de colágeno da córnea, lente externa do olho que afina e toma o formato de um cone. Principal causa de transplante no Brasil, está intimamente relacionado à alergia ocular
“Embora as informações sobre o novo coronavírus ainda sejam bastante limitadas, é possível prever que a COVID-19 cause uma evolução mais rápida do ceratocone não só entre gestantes, mas em todos os portadores que totalizam cerca de 100 mil brasileiros”, salienta. Como nunca tivemos contato com este vírus nosso organismo não consegue dar uma resposta eficiente para evitar a contaminação. Sete em cada 10 pessoas que contraírem o COVID-19 vão desenvolver alergia ocular. Para quem tem ceratocone significa a piora da doença.
Tratamento
Queiroz Neto afirma que o único tratamento que interrompe a progressão do ceratocone é o crosslinking. A cirurgia é ambulatorial e feita sob anestesia local. Consiste na aplicação de vitamina B2 (riboflavina), associada à radiação realizado com 315 pacientes pelo oftalmologista mostra que 45% dos que fizeram crosslinking também tiveram melhora na acuidade visual. Quando isso não acontece é indicado o implante um anel na córnea que aplana a curvatura e melhora a capacidade de enxergar.
Dicas de prevenção
As principais recomendações do oftalmologista para preservar a saúde ocular e evitar a contaminação por coronavírus são:
– Proteja a superfície dos olhos com óculos.
– Lave as mãos as mãos com frequência, esfregando a palma, dorso, entre os dedos e embaixo das unhas
– Evite coçar ou tocar os olhos, boca e nariz.
– Mantenha-se bem hidratado bebendo bastante água.
– Higienize as mãos com álcool se não puder lavar com água e sabão.
– Só use máscara se estiver contaminado.
– Evite aglomerações.
– Evite o compartilhamento de maquiagem, colírio, toalhas e fronhas.