Além do novo coronavírus, durante a pandemia de covid-19 tivemos que enfrentar – no país e no mundo – outro perigoso inimigo: a circulação de notícias falsas, as chamadas Fake News. Informações falsas e sem embasamento científico prejudicaram, e continuam prejudicando, o avanço da vacinação.
“Ao longo de toda pandemia, todas as medidas protetoras da vida humana e da sociedade, que eram capazes de reduzir o risco de transmissão, foram permanentemente sabotadas por uma grande campanha de Fake News, que tratavam o tempo todo de despretigiar, deslegitimar e confundir a população para o que diz respeito à segurança e eficácia dos imunizantes na luta contra a covid-19″, afirmou o secretário estadual de saúde, Nésio Fernandes, durante uma entrevista coletiva na última terça-feira (26).
A circulação dessas informações parece não ter fim. Além de colocarem em dúvida a eficácia de imunizantes – que passaram por rigorosos processos de pesquisas e testes – algumas das (des)informações disseminadas nas redes sociais associam outras doenças, como a Aids, às vacinas.
“Não é possível que a população seja submetida a estados de ansiedade por parte de informações que são verdadeiras mentiras anunciadas e divulgadas, relacionando as vacinas à possibilidade de magnetizar o ombro, de desenvolver Aids, de desenvolver qualquer conjunto de eventos adversos que não são frequentes e que não existem qualquer tipo de relação com a covid-19”, disse o secretário.
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Circulação de notícias falsas pode prejudicar evolução da vacinação no ES
Ainda segundo Nésio, alguns fatores podem contribuir para esse alto número de pessoas com as vacinas em atraso. Um dos motivos é a circulação de notícias falsas e desinformações sobre os imunizantes.
“Vivemos em um contexto onde os eventos adversos leves e moderados que ocorrem na aplicação das vacinas, estão também bombardeados por um número muito grande de fake news de informações que acabam desestimulando o retorno para a aplicação do imunizante. Precisamos vencer uma campanha de contra informação que acaba prejudicando retorno da população”, disse.
E completou: “Essa arquitetura construida no Brasil e também no mundo, precisa ser combatida de maneira que a gente consiga dar segurança e tranquilidade à população de que as vacinas sim são seguras e eficazes e que protegem a si mesmo e a coletividade”, disse.
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Fato ou Fake? Veja 9 notícias falsas que circularam nas redes
Para combater a disseminação de notícias falsas, o Instituto Butantan fez em seu site uma extensa lista de fatos e fakes que circularam na internet sobre a doença. Veja abaixo alguns exemplos de Fake News sobre a vacina contra covid-19:
#FAKE | Quem toma a vacina contra a Covid-19 desenvolve AIDS mais rapidamente
Quem causa a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é o vírus HIV, e não as vacinas. Esse patógeno, por sua vez, é transmitido por meio de sexo sem camisinha, compartilhamento de seringas, compartilhamento de instrumentos que furam ou cortam não esterilizados, transfusão de sangue contaminado e da mãe infectada para o filho ou filha durante a gravidez, no parto ou na amamentação.
A fake news que associa a AIDS às vacinas contra covid-19 foi publicada em um site britânico identificado como propagador de notícias falsas. Não há qualquer indicação científica que baseie esse boato.
#FAKE | Vacinas contra a Covid-19 causam impotência
A impotência não está entre os efeitos adversos causados pela CoronaVac, do Butantan. Além disso, estudos do Departamento de Reprodução e Urologia da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, com homens que receberam vacinas com outras tecnologias, comprovaram que a contagem de espermatozoides não mudou depois que foram imunizados.
O que, sim, acontece é que a própria covid-19 pode ocasionar disfunção erétil em alguns pacientes. Mas isso não tem a ver com a vacina, e sim com a infecção pela doença.
#FAKE | Quem está vacinado pode relaxar as medidas de segurança e higiene
As vacinas protegem, mas cuidados como o uso de máscaras e álcool em gel e o distanciamento social devem continuar sendo seguidos após a imunização. É importante lembrar que a vacina protege da doença, não da infecção – ou seja, uma pessoa vacinada ainda pode pegar o vírus e transmiti-lo para outras.
#FAKE | Pessoas que contraíram Covid-19 têm imunidade sete vezes maior que os vacinados
A imunidade adquirida depende de cada organismo, tanto a dos que receberam a vacina quanto a daqueles que entraram em contato com o vírus. A falsa informação leva em consideração números de Israel que não servem para mostrar a real eficácia das vacinas.
Prova disso é que o governo israelense já afirmou que parte do aumento recente do número de infectados pelo vírus SARS-CoV-2 no país se deu pela redução das medidas de segurança de pessoas já imunizadas. Por isso, mesmo vacinado, é necessário manter as medidas de segurança.
#FAKE | Quem já teve Covid-19 não precisará receber a vacina
A maioria das pessoas que tiveram Covid-19 gera resposta imune, mas nem todos os casos têm resposta protetora e/ou duradoura. Portanto, as pessoas que tiveram Covid-19 deverão receber a vacina.
#FAKE | Tomar vacinas faz com que a pessoa pegue Covid-19 porque o imunizante contém o vírus
A CoronaVac, vacina do Butantan e da biofarmacêutica chinesa Sinovac, por exemplo, é produzida com a tecnologia de vírus inativado. Ou seja, o vírus contido no imunizante está morto e não tem capacidade de adoecer quem toma a vacina, mas estimula o corpo a gerar anticorpos contra o patógeno.
#FAKE | Estrabismo é um dos possíveis efeitos colaterais da CoronaVac
Como todo medicamento, a vacina do Butantan contra a Covid-19 pode provocar eventos adversos, mas o aparecimento de estrabismo ou visão dupla não é um deles: não foi relatado nenhum caso do tipo nos ensaios clínicos de fase 3 que comprovaram a segurança e eficácia da vacina.
#FAKE | Resultado negativo de anticorpos indica que CoronaVac não funciona
É falso o áudio que circula em grupos de conversa no qual um suposto médico põe em dúvida a eficácia da CoronaVac e os testes de anticorpos realizados em laboratório. O próprio laboratório Fleury, citado na notícia falsa, já denunciou a fake news.
O resultado negativo no exame de pesquisa de anticorpos neutralizantes contra o SARS-CoV-2 não quer dizer que o paciente não tenha apresentado resposta imune.
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#FAKE | Vacina contra o novo coronavírus causa câncer de mama
As informações repassadas em grupos antivacina, de que o imunizante contra a Covid-19 pode causar tumores de mama, são falsas. O que acontece, de acordo com estudos realizados, é que após tomar uma vacina pode haver um inchaço temporário dos linfonodos.
Se precisar fazer uma mamografia, é recomendado que se agende antes de receber o imunizante ou após quatro semanas – período que demora para os linfonodos voltarem ao normal.
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