Saúde

Covid-19 mata duas crianças menores de 5 anos por dia no Brasil, aponta Fiocruz

Apenas no ano passado, 840 crianças, nessa faixa etária, morreram pela doença. Entre janeiro e junho de 2022, já foram registradas 291 mortes de crianças no país

Foto: Reprodução/ Freepik

Os números preocupam. Um pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), reflete uma dura realidade. Desde o início da pandemia, a covid-19 matou duas crianças menores de 5 anos todos os dias no Brasil. Em 2020, 599 crianças nessa faixa etária perderam as vidas pela doença. Já no ano passado, quando a letalidade da covid aumentou em toda a população, as vítimas saltaram para 840.

Isso significa que, nos dois primeiros anos da pandemia, 1.439 crianças morreram por causa da doença em todo o país. Os dados, de acordo com informações divulgadas no site da fundação, foram coletados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Eles foram revisados pelo Ministério da Saúde, além das secretarias estaduais e municipais de Saúde. 

Entre janeiro e junho de 2022, a situação parece seguir a mesma média registrada nos anos anteriores. Os dados, preliminares, são do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. Já são 291 mortes por covid-19 entre crianças menores de 5 anos.

Crianças de 29 dias a 1 ano são mais vulneráveis à covid-19

Segundo análises do Observatório de Saúde na Infância, coordenadas por pesquisadores do Laboratório de Informação em Saúde da Fiocruz, e apresentadas ainda no site da Fundação, os dados se referem a óbitos infantis em que a covid-19 foi registrada como causa básica.

Há também as situações em que a doença é uma das causas da morte. Nesses casos, é quando a infecção acabou por piorar alguma condição de risco que já existia ou esteve associada à causa principal de óbito.

“Na análise do Observa Infância consideramos também as mortes em que a Covid-19 agravou um quadro preexistente. Quer dizer, embora nem todas essas crianças tenham morrido de Covid-19, todas morreram com Covid-19”, esclareceu Cristiano Boccolini, pesquisador do Observa Infância.

Também pesquisadora, Patrícia Boccolini ressalta que crianças com menos de 1 mês de vida até 1 ano são as mais vulneráveis à doença.

“Bebês nessa faixa etária respondem por quase metade dos óbitos registrados entre crianças menores de 5 anos. É preciso celeridade para levar a proteção das vacinas a bebês e crianças, especialmente de 6 meses a 3 anos. A cada dia que passamos sem vacina contra Covid-19 para menores de 5 anos, o Brasil perde duas crianças”, apontou.

Metade das internações no ES por covid-19 são de crianças até 4 anos

Durante entrevista coletiva no dia (22) de junho, o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, disse que o momento pede urgência na aprovação de imunizantes para crianças entre 0 e 4 anos de idade.

Principalmente diante da 5ª nova onda por que passa o Espírito Santo.Entre os não vacinados internados com a doença, metade, ou seja, 50% estão nessa faixa etária. O grupo ainda não é contemplado pelas vacinas autorizadas e aprovadas pela Anvisa e que são administradas no Brasil.

“E neste momento, considerando o impacto da cobertura vacinal nas outras idades, representa um alerta que motivou o Conass a formalizar na Anvisa a urgência na aprovação imediata de vacinas para crianças em idades ainda não contempladas. Temos a Coronavac já aplicada em crianças, a da Moderna nos EUA e o MS avança negociações. As crianças merecem ser protegidas”.

Para a infectologista pediátrica, Euzanete Maria Coser, a necessidade de se aprovar a vacina para esse grupo (ainda desprotegido pelas vacinas) é fundamental para evitar mais mortes. 

Segundo especialistas, a população precisa se manter alerta e reforçar os cuidados básicos de higiene, como lavar as mãos e fazer uso do álcool gel. Usar máscaras em ambientes fechados ou aglomerados também é importante para afastar o risco de contaminação pelo vírus.

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