Saúde

Covid-19: Ufes faz atendimento psicológico para pessoas em luto

Em grupo ou individual, a ideia de projeto da universidade é atender moradores do Espírito Santo, em especial da Grande Vitória, que estão em processo de luto em decorrências das mortes por covid-19

Foto: Unplash / Banco de Imagem

Pessoas que perderam alguém em decorrência da covid-19 e passam por processos de luto podem contar com atendimento gratuito do projeto AcholheDOR, realizado pelo Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Em grupo, com média de dez pessoas, ou individual, a ideia é atender moradores do Espírito Santo, em especial da Grande Vitória, que estão em processo de luto, desde familiares em luto gestacional ou neonatal, pessoas que perderam parentes ou amigos ou profissionais de saúde que convivem com elevado número de mortes nos locais de trabalho. 

Após o preenchimento de um questionário com informações pessoais e relativas ao seu processo de luto, a pessoa pode passar por uma entrevista ou já ser encaminhada para atendimento individual ou em grupo. Os atendimentos são realizados por estudantes do décimo período do curso de psicologia, sob supervisão da psicóloga e professora Luciana Bicalho.

“Estamos em fase de acolhimento inicial das pessoas que têm nos procurado. Vamos atender pessoas somente do Espírito Santo, especialmente da Grande Vitória, porque nossa intenção é que os atendimentos sejam feitos presencialmente após o fim da pandemia”, afirmou. 

Como participar:

Os interessados podem procurar informações pelo telefone (27) 99970-3124, pelo e-mail [email protected] ou no perfil @acolhedor.projeto no Instagram.

Grupos e rodas de conversa

No projeto AcolheDOR as rodas de conversa serão direcionadas aos profissionais de saúde que, em razão da pandemia, têm vivenciado situações frequentes de luto, ainda que as mortes sejam de pessoas desconhecidas. 

“Podemos pensar que profissionais de saúde podem, sim, se enlutar pela morte das pessoas de quem cuidam, porque o vínculo não necessariamente tem relação com o tempo de convivência ou a existência de um grau de parentesco. Mas nem toda morte vivenciada vai ser acompanhada de um processo de luto. O profissional pode sentir tristeza, compaixão, impotência, sentimento de fracasso, entre tantos outros”, explicou.

Processo natural

Segundo a psicóloga, o luto é um processo universal e natural, tendo o suporte social adequado, as pessoas geralmente são capazes de lidar com essa experiência de forma satisfatória.

“A grande maioria dos enlutados não precisa de suporte profissional, mas alguns precisarão. Vários fatores vão influenciar a experiência do luto, desde aqueles de ordem pessoal, como os ligados ao vínculo com quem morreu, às circunstâncias da morte, à possibilidade de ritualizar a perda, entre outros”, afirma.

Ela destaca que, neste momento da pandemia, em que as perdas se dão em massa, repentinamente e somos impedidos de nos despedir adequadamente de quem nos deixa, algumas pessoas podem ter mais dificuldade de viver o luto.

“A ausência de rituais de despedida, a impossibilidade de acompanhar a pessoa em seu processo de hospitalização, a falta da última palavra, do último olhar, podem ser doses de acréscimo de sofrimento, tornando algumas tarefas do luto mais difíceis. Entretanto, famílias e pessoas enlutadas devem ser encorajadas a criar outros rituais de despedida e homenagem a quem partiu”, afirma.

Em sua avaliação, os rituais devem ser criados dentro da realidade de cada família e comunidade, pois devem fazer sentido para aquele grupo. 

“Temos visto exemplos desses rituais, como missas on-line, encontros ao ar livre para homenagear a pessoa que morreu ou carreatas. O importante é que aquilo que foi colocado no lugar dos velórios tradicionais faça sentido e ajude a pessoa a elaborar sua perda”, concluiu Luciana Bicalho. 

*Com informações da Ufes