O Ministério da Saúde recomenda que crianças com suspeita de sarampo tomem vitamina A. De acordo com o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) Renato Kfouri, a recomendação é realizada há décadas, porque umas das principais causas de mortes por sarampo é a desnutrição, e a falta de vitamina A está associada a essa condição.
“O sarampo sempre foi importante causa de mortalidade infantil. Na fase pré-vacinal era a segunda doença infecciosa que mais provocava óbitos em crianças no Brasil. O MS preconiza a Vitamina A para crianças desde os anos 60/70, não é novidade, isso sempre foi necessário”, disse o diretor da SBIm.
Kfouri explica que estudos realizados em crianças mostram que a vitamina A diminui a replicação do vírus no organismo. “A vitamina aumenta a resposta do sistema imunológico da criança. O médico recomenda tomar a vitamina porque faz bem, não possui nenhum efeito contrário e é indicada para a criança em qualquer faixa etária. Não indicamos para adultos, porque quando os estudos foram realizados em adultos com suspeita da doença, não tivemos nenhum resultado positivo, que mostrasse a eficácia do combate contra o sarampo em adultos”, explicou o especialista.
No Espírito Santo, há um caso confirmado do sarampo e outros 14 estão em investigação.
Vitamina A
Ao prevenir a deficiência de vitamina A no organismo, o suplemento (líquido oleoso administrado por via oral) potencializa o desenvolvimento das crianças e reduz, ainda, os riscos de mortalidade infantil por diarreia. Sua falta no organismo pode gerar dificuldade em enxergar nos lugares com luz fraca ou causar alterações oculares, evoluindo, em alguns casos, para a cegueira total e irreversível.
Distribuição de Vitamina A
O Ministério da Saúde vai disponibilizar aos estados e ao Distrito Federal, cápsulas de Vitamina A na concentração de 50.000 UI, para casos suspeitos de sarampo em crianças menores de seis meses de idade. Cada criança deve tomar duas doses da vitamina. A ação é mais uma estratégia para fortalecer e proteger a crianças nessa faixa etária em decorrência do atual cenário epidemiológico.
A orientação é que a primeira dose do medicamento seja administrada imediatamente no momento da suspeita na Unidade de Saúde. Para diminuir os riscos de transmissão da doença, a segunda dose deverá ser administrada no dia seguinte, em domicílio.
Onde houver possibilidade, recomenda-se que a administração domiciliar seja supervisionada por profissional da equipe de Atenção Primária à Saúde e/ou Vigilância em Saúde.
Caberá aos estados o recebimento, armazenamento e distribuição aos respectivos municípios. A distribuição das capsulas de 50.000 UI será iniciada para as Unidades da Federação (UF) em situação de surto, com o envio de 250 cápsulas (5 caixas) para São Paulo e 100 cápsulas (2 caixas) para cada estado em situação de surto de sarampo. Envios extras poderão ser feitos pelo Ministério da Saúde mediante solicitação e dependendo da disponibilidade de estoque.
O Ministério da Saúde já disponibiliza cápsulas de 100.000 UI e 200.000 UI da Vitamina A na rotina dos serviços dentro do programa de suplementação para crianças maiores de seis meses de idade.