De cada quatro mães brasileiras, uma sofre com a depressão pós-parto segundo dados da Fiocruz. A pesquisa ainda mostra que a maioria das mulheres não pedem ajuda por não saberem identificar os sinais, por falta de apoio ou vergonha. A doença é uma entre diversas patologias dos distúrbios puerperais, que podem ocorrer durante a gestação, após o nascimento do bebê ou em conjunto.
Para a psicóloga Mariane Cordeiro, que é especialista em psicoterapia de pais e bebês, a depressão pós parto já poderia ser considerada um problema de saúde pública. A especialista explica que a DPP pode se apresentar de maneira leve ou severa. “As pessoas que acompanham a grávida precisam estar atentas aos sinais, como melancolia durante a gestação, ansiedade, medo do parto e até ideias obsessivas em relação ao bebê depois que ele nasce, alguns exemplos são não querer se aproximar da criança e ficar isolada, com melancolia superior a seis semanas”.
Segundo a especialista, outros distúrbios provenientes da gestação são psicoses puerperais, transtornos de ansiedade e pós traumático, tocofobia (medo de gravidez e parto) e ansiedade de parir, neste caso, a mulher fica obsessiva para que tudo saia perfeito. A psicologa alerta que qualquer um dos tipos precisam de ajuda especializada. “A mulher precisa ser avaliada e diagnosticada, o tratamento varia de acordo com o caso, mas geralmente envolve terapia e medicação”, comentou a especialista.
Violência doméstica, isolamento social, casal despreparado para uma gravidez ou luto durante a gestação, abortos antecedentes, falta de suporte emocional, financeiro e isolamento social, são alguns dos diversos motivos que podem acarretar no surgimento dos distúrbios puerperais. “Um outro fator é que muitas mulheres tem medo de falhar, porque existe a ideia por parte da sociedade, de que a mulher precisa ser plena durante a gestação e muitas vezes ela não esperava ser mãe ou até mesmo não sentia vontade”, alertou a psicologa.
Mariane ainda lembra que a depressão pós-parto traz consequências ao vínculo mãe-bebê e pode até prejudicar o desenvolvimento cognitivo e motor da criança, uma vez que a mãe depressiva tem dificuldade nos cuidados com o bebê.
Para Bianca Martins, que também é psicologa especialista na área, uma mãe adoecida terá mais dificuldades de perceber e acolher as necessidades do seu filho. “Um caso de depressão na família faz com que ela estimule menos a criança. Estudos realizados já mostraram que, quando há cuidadores deprimidos, essa criança tem mais dificuldades de atingir os marcos de desenvolvimento e até mesmo no aprendizado”.