Os dados nacionais mostram que a cada três mortes de adultos, duas são de homens. Além disso, eles vivem em médias sete anos a menos que as mulheres. A segunda principal causa de morte masculina está relacionada a doenças. Nesse sentido, no dia 15 de julho é celebrado no Brasil o Dia do Homem. A data tem como objetivo chamar a atenção para os cuidados com a saúde masculina.
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Referência em Saúde do Homem mostrou que 70% das pessoas do sexo masculino vão à consultas médicas acompanhados das mulheres ou dos filhos. Além disso, mais de 50% dos homens só procuram tratamento quando algum sintoma atrapalha muito a rotina ou então eles só vão aos consultórios com doenças em estágio avançado, quando já existe a necessidade de intervenções cirúrgicas.
“As mulheres costumam ser muito mais cuidadosas que os homens quando o assunto é saúde. Por exemplo, elas vão pelo menos uma vez por ano ao ginecologista fazer exames de rotina, enquanto eles só procuram o urologista quando não dá mais para evitar”, conta o urologista Gabriel Moulin.
Existem algumas patologias que estão mais relacionadas aos homens, seja por seus hábitos de vida ou por uma questão de anatomia. “Uma doença que devemos destacar é o câncer de próstata, um dos tipos de câncer que mais mata e que possui uma incidência muito maior após os 50 anos de idade”, afirma o urologista.
Segundo ele, o câncer de testículo, o câncer de pênis e a disfunção erétil também são doenças exclusivamente masculinas que podem ser evitadas ou ao menos controladas, se forem diagnosticadas precocemente.
Sobre a frequência ideal para frequentar o médico, o urologista afirma: “O ideal é realizar um check-up por ano para descobrir se está tudo bem. A partir dos 50 anos, todo homem deve realizar o exame de próstata e, para aqueles que já têm caso de câncer na família ou são negros, esse exame deve ser feito a partir dos 45 anos”.
Vaidade em alta
A vaidade deixou há tempos de ser exclusividade feminina e a cada ano vem ganhando mais espaço na agenda do homem moderno. O cirurgião plástico Humberto Pinto explica que o percentual de homens que buscam cirurgias reparadoras tem aumentado gradativamente. “Antes eles não passavam de 10% dos pacientes, hoje já representam 30% das pessoas que buscam por tratamentos estéticos”, avalia o médico.
Os cinco procedimentos mais buscados por ele são: ginecomastia, lipoaspiração, rinoplastia, pálpebras e rejuvenescimento facial. Mas apesar desse crescimento, o cirurgião plástico Humberto Pinto observa que eles ainda ficam bastante apreensivos ao decidir fazer um procedimento estético. “Muitos ainda olham com certo preconceito para a possibilidade de minimizar a ação do tempo”, relata o médico.
Homem moderno
Historicamente, o papel do homem sempre foi o de forte e provedor, e qualquer sentimento de fraqueza ou necessidade de cuidado o tornava alvo de indignação na sociedade, segundo o psicanalista e hipnoterapeuta Inácio Ferreira. “Tudo era tabu. Atitudes do comportamento masculino, das mais simples às mais complexas, eram abafadas a todo custo para manter a imagem do homem inabalável. Com o passar dos anos e com o crescimento justo e verdadeiro do universo feminino essa relação do homem forte foi confrontada pela força que a mulher passou a ter”, diz.
De acordo com o psicanalista, os homens enfrentam dificuldade em expressar suas fragilidades, porém ainda guarda consigo as características de que se abrir ao universo novo é sinal de fraqueza. “O homem moderno é capaz de compreender que pode demonstrar emoções, que homem também chora, que pode ser um pai amoroso e um marido presente, sem com isso perder a sua masculinidade. Sua força está justamente na capacidade de carregar em si toda a energia que lhe é peculiar, se adaptando ao novo e preservando seu homem interior”, pondera Inácio.