Nesta quarta-feira, dia 10 de novembro, comemora-se o Dia Mundial da Ciência. Vivendo em um contexto de pandemia há quase 2 anos, nunca se falou tanto sobre a importância da ciência. Há quem diga que é uma parte tão importante de nossas vidas, que sequer percebemos como ela está presente em tudo que nos cerca.
“A ciência é uma coisa que está tão intrínseca, que não percebemos que ela faz parte do nosso dia a dia. O seu celular, uma caneta, a forma como nos relacionamos com o meio ambiente, tudo isso é ciência”.
A afirmação é do diretor geral do Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES), Rodrigo Ribeiro Rodriges. De acordo com o cientista, são os momentos de crise que nos condicionam a entender a importância da ciência.
“Eu fico muito feliz porque muitas vezes a ciência não é uma profissão valorizada e reconhecida, em especial no nosso país. Mas ela produz fragmentos de conhecimento que são reunidos em torno de um grande avanço”, disse.
Vacinas
De acordo com o pesquisador, a velocidade com que foi possível desenvolver vacinas durante a pandemia pode ser considerada um avanço da ciência.
“A gente sabe que, até então, levávamos em torno de 10 a 15 anos para finalizar a produção de uma vacina. Conseguimos fazer isso de forma disruptiva, conseguimos ter vacinas prontas para uso em menos de um ano. Ela não est´á totalmente desenvolvida e estudada, mas temos uma arma para combater a doença”, disse.
Em paralelo foi descoberto também as relações entre o coronavírus e as células humanas. “A ciência é extremamente dinâmica. A gente sabe que todo conhecimento vai sendo acrescido ao longo dos dias. Todos os dias temos um pedaço de conhecimento sendo gerado”, afirmou.
Entenda a importância do trabalho realizado por pesquisadores do Lacen-ES
Engana-se quem pensa que os trabalhos do Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES) beneficiam apenas os capixabas. No Dia Mundial da Ciência, comemorado no dia 10 de novembro, Rodrigo Ribeiro Rodriges, diretor-geral do Lacen-ES, explicou que além de ser uma referência no país, o laboratório auxilia também outros estados.
“O Lacen-ES hoje tem um índice de aprovação de quase 90% na resolução de problemas. Nós atendemos todo o Espírito Santo e também o sul da Bahia, leste de Minas Gerais e norte do Rio de Janeiro”, disse.
Quando falamos em doenças como a tuberculose, por exemplo, o Lacen-ES é considerado uma referência nacional. “O Lacen-ES hoje é protagonista na saúde capixaba e também na Nacional. Somos o laboratorio referência Nacional e Regional para tuberculose, por exemplo. Atendemos as demandas do Espírito Santo e de 6 outros estados do país“, disse.
No que diz respeito às doenças respiratórias, a capacidade de testagem do laboratório teve um aumento expressivo de 2020 para cá. O aumento de capacidade, e consequente melhoria dos serviços, segundo Rodrigo ajuda a derrubar o estigma de dizer que somente o setor privado entrega um serviço de qualidade.
“Em 2019 fazíamos 3 exames de vírus respiratorio por dia, 100 por mês. Hoje podemos testar 4500 amostras por dia, podendo chegar a 10 mil por dia”, afirmou o diretor-geral.
Veja outros números importantes do Lacen-ES:
Coronavírus
– Capacidade de testagem: Segundo Rodrigo, temos hoje o Lacen mais bem equipado do país, com a maior velocidade de resposta. “Testamos quase duas vezes mais que a média nacional para covid-19”, disse.
– Sequenciamento genético: Com a aquisição de equipamentos para realizar sequenciamento genético, o ES deixará de ser dependente da Fiocruz para realizar o sequenciamento genético e identificar quais vírus circulam no Estado.
“Adquirmos as duas plataformas para sequenciamento, e em breve iremos diminuir o tempo de resposta, que hoje é de 30 a 45 dias, para 1 semana. É uma ferramenta para auxiliar no entendimento do que está circulando, poderemos inclusive ajudar outros Estados”, explicou.
Além disso, o diretor-geral do Lacen-ES disse que os pesquisadores, por meio de técnicas alternativas ao sequenciamento, conseguiram identificar a circulação da variante do Reino Unido no Brasil. “Fomos o primeiro Lacen no Brasil a identificar a circulação dessa variante”, pontuou.
– Circulação do vírus: Ainda de acordo com Rodrigo, os pesquisadores do laboratório também comprovaram que coronavírus já circulava no Espírito Santo em dezembro de 2019.
“Passou despercebido porque surgiu ao mesmo tempo que o surto de dengue e chikungunya, então os sitomas febris eram dados como possíveis casos de dengue ou chikungunyua, mesmo que os testes não detectassem”, disse.
Enterobactéria
De acordo com o diretor-geral, o Lacen-ES também teve destaque em março de 2019, quando uma criança faleceu depois de ter sido contaminada por uma enterobactéria em uma creche.
“Infelizmente tivemos o falecimento de uma criança. Mas historicamente, casos como esse demorariam de 30 a 60 dias para que a causa do problema fosse, de fato, identificada, Em 5 dias o Lacen-ES não somente identificou como também atuamos e evitamos que outras pessoas ficassem doentes”, contou.
Surto de Sarampo
Rodrigo reforçou também o importante papel dos pesquisadores do Lacen-ES no surto de sarampo que aconteceu no país.
“O Espírito Santo na época estabeleceu uma operação que funcionou como um relógio suíço. Quando tínhamos um caso suspeito, a amostra chegava no Lacen-ES e em menos de 1 hora o resultado estava liberado. Em menos de 1 hora a equipe ia a campo fazer o bloqueio da transmissão”, ressaltou.