Saúde

Dia Nacional de Combate ao Fumo: sete dicas para largar o cigarro

Quer parar de fumar? Médicos explicam as consequências do tabagismo para a saúde. Saiba também o que deve ser feitos para fugir dos gatilhos e mudar os hábitos

Foto: Divulgação

Celebrado todos os anos na data de 29 de agosto, o Dia Nacional de Combate ao Fumo vem reforçar os perigos que o hábito de fumar gera para a saúde. O cigarro está diretamente ligado à uma série de doenças cerebrovasculares e várias formas de câncer

Por mais difícil que seja parar, para algumas pessoas, a melhor escolha sempre será largar o vício, apontam especialistas.

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Tanto os cigarros convencionais quanto os cigarros eletrônicos, conhecidos como vapes, acarretam graves prejuízos à saúde do corpo como um todo. No entanto, libertar-se dessa dependência não constitui uma tarefa simples, e o percurso a percorrer pode ser extenso. 

Porém, é importante saber que é sim viável modificar hábitos a fim de abandonar o cigarro e, acima de tudo, evidenciar que ninguém enfrenta essa jornada solitariamente.

Compreender que o vício em fumar, assim como outras formas de vício, deriva de questões emocionais, como a ansiedade excessiva, por exemplo, é o primeiro passo na busca para escapar do ato de fumar.

“Por isso, é essencial que a pessoa diminua gradualmente o uso do cigarro para que seu organismo se adapte à falta dessa substância e que busque tratamento psicológico e psiquiátrico tanto para tratar os aspectos emocionais envolvidos nesse vício quanto para fortalecimento emocional para enfrentar o processo de abandono do vício do cigarro”, pontua Mariana Machado, psicóloga do Viver Bem Unimed Vitória. 

Junto com a terapia psicológica e psiquiátrica, é crucial priorizar o investimento em uma melhor qualidade de vida. “Estar atento ao cuidado com a alimentação, manter atividade física frequente e prática de hábitos mais saudáveis também são medidas essenciais para lidar com a ansiedade”, acrescenta.

Saiba como evitar os gatilhos com essas 7 dicas

A pneumologista Cilea Martins indica a mudança de pequenos hábitos do cotidiano para afastar o cigarro. Veja a lista:

1. Se afaste de locais em que você costuma fumar: “Se a pessoa fuma na varanda, no quintal, ela precisa se afastar, fechar a porta. Porque, às vezes, ela nem quer fumar, mas acaba fumando pelo hábito por estar nesses ambientes”, explica a médica;

2. Evite comprar maços de cigarro: isso evita que a pessoa consuma vários cigarros ao mesmo tempo; 

3. Evite consumir bebidas alcóolicas: o álcool é um estimulante do tabagismo; 

4. Não tome café ao acordar: assim como o álcool, a cafeína é estimulante do tabagismo. “Logo quando acorda, o cheiro do café estimula a pessoa a querer acender um cigarro. Por isso, ao invés de café, tome um suco, coma frutas, como melão, mamão”, indica.

5. Atrase o uso do primeiro cigarro: quanto mais tarde a pessoa começar a fumar no dia, menor será o consumo diário.

6. Quebre hábitos que te fazem lembrar do cigarro: “as pessoas precisam analisar tudo aquilo que faz com elas se lembrem de fumar. Um exemplo é o caso daquelas que trabalham em home office. De repente, mudar a posição do computador já é uma mudança significativa para que ela não associe o ambiente ao hábito de fumar”, explica Cilea;

7. Pratique exercícios físicos: a atividade física não só ajuda a controlar a ansiedade, como disse a psicóloga Mariana Machado, como também é uma forma de conviver com menos fumantes. 

Na Serra, casal une forças para largar o cigarro

A história do vigilante Roger de Oliveira Cercondes, 48 anos, e da dona de casa Genilda Soprani Cercondes, 50 anos, moradores do bairro Palmeiras, na Serra, se soma a de muitas outras pessoas que não querem mais fumar. 

Em julho desse ano, o casal buscou ajuda na Unidade Regional de Saúde de Serra Sede para participar juntos do Programa de Controle do Tabagismo, oferecido pelo município. A ideia partiu de Genilda e ele decidiu acompanhá-la. Atualmente, ambos não fumam mais, graças ao auxílio do tratamento. 

Desde então, o dinheiro antes gasto no vício passou a ser poupado pela família. 

“Estamos fazendo uma caixinha com o que gastávamos com cigarro, depositamos em uma conta. Imagino o que eu poderia já ter economizado ao longo da vida”, conta Roger.

Segundo ele, o casal agora possui uma bicicleta ergométrica em casa e até mesmo a relação com a filha está melhor. “Hoje tenho ânimo, não fico procrastinando, não tenho mais a resistência do cigarro”, disse. 

Problemas de saúde

Por outro lado, Maria Lourdes de Figueiredo, de 56 anos e dona de casa, começou a fumar aos 15 anos. Ela foi hospitalizada duas vezes devido a problemas causados pelo tabaco.

“Comecei a querer parar de fumar em novembro do ano passado, quando passei mal e fiquei internada sete dias. Depois de um tempo, precisei ser intubada, fiquei 24 dias internada. Não tenho escolha, realmente tenho que parar”, confessa. 

Na Serra, o atendimento para quem quer parar de fumar existe desde 2008. De acordo com a secretaria de Saúde, só no ano passado, 200 pessoas recorreram ao programa.

Entenda os riscos do cigarro

O cigarro comum tem cerca de 2.500 substâncias nocivas ao pulmão. Entre elas: enxofre, alcatrão, além da nicotina.

“O cigarro eletrônico tem substâncias inalantes e corantes, além da nicotina em alta dose. Todos eles, independentemente do tipo, afetam a saúde cardíaca, provocam lesões renais, infecções, agravamento de doenças alérgicas, entre outras consequências”, ressalta a pneumologista.

A médica oncologista Virgínia Altoé Sessa ressalta a importância de reconhecer o tabagismo como um fator de risco em diversos tipos de câncer, como: o câncer de pulmão, neoplasias na região da cabeça e pescoço (como boca, língua, orofaringe e laringe), além de câncer de bexiga, leucemia, esôfago, colo do útero, pâncreas, fígado e rim. 

Ela também enfatiza que os perigos associados se estendem igualmente às pessoas que compartilham o convívio com indivíduos fumantes.

“Chamamos isso de tabagismo passivo, que também é responsável por um alto número de mortes por câncer de pulmão no Brasil. A fumaça que sai da ponta do cigarro e se difunde homogeneamente no ambiente contém em média três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que o fumante inala”, detalha Virgínia.

Ainda de acordo com a pneumologista Cilea Martins, a vontade de parar de fumar é que vai determinar o sucesso do tratamento, mesmo com a adoção de medicamentos e mudanças de hábitos.

“O cigarro é uma despesa econômica (R$125.148 bilhões são os custos dos danos produzidos pelo cigarro no sistema de saúde e na economia, segundo o Instituto Nacional do Câncer), para a saúde (o mesmo órgão aponta que 443 pessoas morrem a cada dia por causa do tabagismo no Brasil) e ainda afasta as pessoas do convívio social”, conclui.

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