Por: Giovanna Borielo, do Portal R7
“Por conta da Doença de Crohn, já cheguei a contar dias em que eu ia 25 vezes ao banheiro. Também vomitava, não conseguia comer nada e sentia muita fraqueza”, afirma a paulistana Beatriz Rufini, 21. Ela foi diagnosticada em junho do ano passado com a patologia, uma doença inflamatória intestinal grave.
De acordo com o coloproctologista Carlos Sobrado, da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), ambas as doenças provocam inflamações crônicas no trato gastrointestinal, sendo que o Crohn afeta partes do trato desde a boca até o ânus, podendo causar fístulas (conexões anormais entre órgãos) e espalhar fezes para outras partes, que podem ser expelidas pela urina ou menstruação, por exemplo.
Já a retocolite afeta toda a porção do cólon e do reto e, progressivamente, todo o intestino grosso. O médico explica que a doença é mais superficial, afetando apenas a mucosa e a submucosa do órgão, não invadindo a parede do intestino ou causando fístulas.
O coloproctologista afirma que não há causa esclarecida para o surgimento de Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), mas estariam relacionadas à predisposição genética, fatores ambientais, estresse, tabagismo, alterações da microbiota intestinal e alimentação industrializada e processada.
DII afetam homens e mulheres na mesma proporção, com incidência de 80% em pessoas dos 15 aos 40 anos. Entre os sintomas das doenças há um quadro importante de diarreia, sangue nas fezes, cólicas e dores abdominais, emagrecimento, febre, náuseas e vômitos, perda de apetite e manifestações extraintestinais, como dores articulares, problemas visuais e lesões avermelhadas na pele.
“Eu sinto muitas dores abdominais quando estou em crise. Elas parecem pontadas próximas ao umbigo. As fezes mudam, dá diarreia, enjoos, dores no corpo, fraqueza e o humor muda. Por conta do Crohn, eu emagreci 12 kg e acabei desenvolvendo problemas cardíacos”, relata Beatriz.
Tratamento
Entre os medicamentos utilizados estão os corticoides, que são utilizados na fase aguda da doença, antibióticos, anti-inflamatórios, probióticos para melhorar a flora intestinal, imunomoduladores e imunossupressores orais.
Em casos mais graves ou em que a medicação oral não foi eficaz, é optada a terapia biológica com imunossupressão injetável, que controla e cicatriza a mucosa intestinal. Nesta classe, são utilizados três tipos de terapias: a anti-PNS, que age de maneira sistêmica e é oferecida pelo SUS, a anti-integrina, que possui ação específica no intestino grosso e a anti-interleucina, que é utilizada apenas para o Crohn.
Beatriz chegou a fazer o tratamento por via oral, mas não foi eficiente em seu caso. Hoje, ela faz tratamento por imunoterapia injetável a cada dois meses.
Entre as principais complicações que podem ocorrer devido às doenças são a intratabilidade delas, quando elas não respondem aos tratamentos, retardo do crescimento em crianças, hemorragias, abscessos abdominais, obstrução e perfuração intestinal e, após 10 anos de doença, há uma tendência maior de o paciente ter câncer colorretal.