Saúde

Empresas farmacêuticas se unem para testar antiviral no combate ao coronavírus

Para participar do experimento, foram selecionados cerca de 450 pacientes de diferentes países, selecionados aleatoriamente

Foto: Divulgação

Um estudo que vai investigar a ação do antiviral, remdesivir, será avaliado por duas grandes empresas farmacêuticas, a Roche e Gilead. O estudo, visa avaliar o uso conjunto das maiores apostas das duas empresas no tratamento contra a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

O remdesivir, foi  desenvolvido pela Gilead para combater vírus que têm RNA como material genético, associado ao tocilizumab (vendido com o nome Actemra), um antiinflamatório usado no tratamento da artrite reumatoide, doença crônica inflamatória e autoimune.

Experimento

Para participar do experimento, foram selecionados cerca de 450 pacientes de diferentes países, selecionados aleatoriamente.

Os participantes serão divididos em dois grupos:

Grupo 1:  receberá os dois medicamentos 

Grupo 2: serão tratados com o remdesivir e um placebo 

O arranjo vai possibilitar uma observação mais precisa da ação das substâncias.

Um artigo publicado no dia 22 de maio na revista científica The New England Journal of Medicine, um dos principais periódicos da área médica, cientistas de institutos de pesquisa, universidades e hospitais norte-americanos, comprovou a eficácia da medicação remdesivir, em pacientes, e que os mesmos tiveram uma recuperação mais rápida da doença do que aqueles que não receberam o remédio.

Os Estados Unidos e o Japão já haviam autorizado o uso emergencial do remdesivir no início de maio, com base em estudos preliminares,  e na última terça-feira (26) o mesmo tipo de uso foi aprovado no Reino Unido.

Tocilizumab

Segundo estudos preliminares, o uso do anti-inflamatório tocilizumab para tratar a covid-19 também teve bons resultados, sendo apontado por pesquisadores do hospital Orange Regional Medical Center, nos Estados Unidos, como benéfico  para a redução da mortalidade entre pacientes com covid-19 que haviam desenvolvido a síndrome respiratória aguda grave (SRAG). 

No Brasil, o tocilizumab é aprovado pela legislação para o tratamento da artrite reumatoide, uma doença autoimune -fruto de um comportamento anormal do sistema imunológico

Estudo

O estudo conduzido pelas empresas vai avaliar se o uso dos dois medicamentos em conjunto potencializa a recuperação ao mesmo tempo que proporciona segurança para o paciente.

De acordo com Alexandre Soeiro, cardiologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, os dois medicamentos têm mecanismos de ação diferentes -antiviral e antiinflamatória e a ideia do estudo é ter ação em pontos diferentes e verificar se um remédio pode potencializar os benefícios ou os efeitos colaterais do outro. 

Ainda de acordo com Soeiro, a união das farmacêuticas para a realização de pesquisas é incomum: “Normalmente, as empresas fazem os estudos de maneira independente. Isso acontece agora devido à situação imposta pela pandemia”, diz.

Os pacientes selecionados, devem ser recrutados nas próximas semanas, e de acordo com o diretor de Acesso e médico da Roche Farma Brasil, Lenio Alvarenga, há possibilidade de que participantes brasileiros sejam incluídos na pesquisa.