Estamos vivenciando uma pandemia mundial de coronavírus. A doença é preocupante e tem refletido o medo e as inseguranças com nosso bem-estar, o que afeta diretamente a nossa saúde física e emocional. Somando isso ao isolamento social, o cérebro libera reações de ansiedade, que possuem como consequência direta o abalo em nosso sistema imunológico.
Também é importante pontuar que a relação entre suporte social e saúde já possui uma longa história. Sujeitos mais bem estruturados socialmente são mais saudáveis e têm menos probabilidade de adoecerem física ou emocionalmente. Por isso, é necessário compreender como esse processo ocorre e qual o papel da psicologia nesse contexto.
Mas, afinal, por que nossas emoções são capazes de afetar nossa imunidade? De acordo com a psicóloga Sonia Pittigliani, estudos de função imunológica, conhecidos como psiconeuroimunologia, constataram que a proteção do corpo está diretamente ligada a fatores psicossociais. “Dentre eles, destacam-se os estados emocionais, a intensidade do estresse que o indivíduo enfrenta, os traços de personalidade e a qualidade das relações sociais”.
Sonia Pittigliani destaca que o desânimo e características pessimistas estão diretamente ligados a piora no funcionamento do nosso sistema de defesa. De forma simplificada, as experiências de vida (que variam de acordo estados psicológicos de uma pessoa) ativam o Sistema Nervoso Central e a sua resposta hormonal. Esse movimento tem forte influência no sistema imunológico, provocando mudanças e gerando maior susceptibilidade a doenças.
“É possível afirmar que o isolamento favorece aqueles que estão bem estabelecidos socialmente, com a possibilidade de trabalho remoto, convênio médico e acesso a remédios. Projetando essas mesmas questões para as camadas menos favorecidas, encontramos questões sérias e problemáticas, como empregos informais e condições precárias de moradia, saneamento básico e higiene”, comentou a psicóloga.
Diante desse contexto, a atuação dos psicólogos é fundamental para ajudar na prevenção de problemas e diminuir os efeitos da pandemia sobre a saúde individual e coletiva. “Engana-se quem pensa que os profissionais da psicologia e psiquiatria só podem realizar atendimentos presencialmente e com alto custo”, alertou a especialista.
De acordo com Sonia Pittigliani, nessa época de coronavírus, a terapia online tem sido uma alternativa mais barata e acessível, podendo atingir um número maior de pessoas e gerar uma transformação de impacto social.
A prevenção de enfermidades físicas e emocionais podem, e devem, ter um trabalho focado em tratar o estresse que o isolamento social tem causado. Somente assim será possível aumentar a defesa imunológica e garantir um estilo de vida mais saudável nos aspectos emocional, fisiológico e imunológico.