O Espírito Santo tem vivido, nas últimas semanas, uma estabilização da incidência de novos casos da covid-19, além de uma queda no número de óbitos por conta da contaminação do coronavírus. A afirmação foi ratificada, mais uma vez, pelo secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, durante pronunciamento feito na última terça-feira (01).
“Estamos mantendo uma estabilização da internação hospitalar, dos pacientes internados em UTI. Retomamos tendência de queda de internações em enfermarias e mantemos a tendência de queda no número de óbitos. Compreendemos que os casos observados também estão alcançando um estágio de estabilidade”, disse o secretário, na ocasião.
Essa estabilidade no número de óbitos pode até causar uma falsa sensação de que a doença está perdendo força. No entanto, a epidemiologista Ethel Maciel ressalta que a média diária de mortes continua alta, sem sinal de queda.
“A gente tem hoje uma estabilização e a gente, infelizmente, estabilizou com um número muito alto. Se você for analisar, nós estamos num platô, mas num platô ainda elevado. Isso não quer dizer que a gente vá diminuir o número de casos”, avaliou a especialista.
Atualmente a preocupação, tanto das autoridades de saúde quanto dos especialistas no assunto, é que uma nova onda da doença volte a pressionar a oferta de leitos hospitalares e, consequentemente, aumentar o número diário de mortes registradas no Espírito Santo.
A preocupação também ocorre em nível nacional. No último dia 26, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu esse risco. “Pode haver uma tendência de aumento de casos. Se essa tendência de aumento de casos é desmesurada, isso vai se refletir sobre uma nova pressão sobre o sistema de saúde. Vamos trabalhar juntos para procurar evitar que haja essa terceira onda”, afirmou.
No entanto, cinco dias antes, o secretário Nésio Fernandes afirmou que o Espírito Santo já estava deixando a terceira onda. “Nós já passamos pela terceira expansão da pandemia no Espírito Santo e estamos criando condições para que o Estado possa evitar uma quarta expansão”, afirmou o secretário.
Ethel Maciel destaca que algumas regiões do país já estão apresentando sinais de agravamento da pandemia. “Tivemos uma diminuição dessa onda, várias medidas restritivas foram adotadas e nós agora estamos vendo, em todo o Brasil, alguns municípios já decretando de novo uma quarentena, um lockdown. Nós estamos observando uma mudança nessa curva. Ela estava descendo a segunda onda e começa a subir, o que muito provavelmente vai se caracterizar como uma terceira onda, porque nós temos variantes diferentes circulando”.
Já o imunologista Daniel Gomes frisou que a vacinação é fundamental para evitar o aparecimento de novas ondas da covid-19. “A gente está numa terceira onda, com possibilidade de uma quarta onda, de uma quinta ou de uma sexta, enquanto nós não tivermos uma cobertura vacinal eficaz”.
O surgimento de novas variantes do coronavírus é um dos fatores que preocupa os especialistas e que pode favorecer o surgimento de uma nova onda da covid-19. A primeira linhagem do vírus teve origem na China.
De lá para cá, mais quatro variantes foram identificadas: uma no Reino Unido, chamada de variante Alfa; outra na África do Sul, que é a variante Beta; a do Brasil, que é a Gama; e a indiana, Delta. A Organização Mundial da Saúde (OMS) optou por essa denominação para evitar discriminação às pessoas que moram nesses países.
Risco no interior
Independente da onda ou da variante do vírus, a preocupação com um novo avanço da doença continua. Neste momento, ela está concentrada no interior do estado, com o registro no aumento de casos.
“O que a gente começa a observar é o aumento do número de casos no interior, muito semelhante com o comportamento de São Paulo, começando pelo interior e que certamente vai chegar aqui na região metropolitana. Então, pelo que nós estamos vendo no Brasil, em torno da segunda semana de junho até o final de junho, a gente esperaria uma terceira onda. A gente vai precisar saber como essas variantes vão se comportar, quais vão ficar dominante em cada local, o que vai mudar na pandemia. E aí a gente caracteriza uma terceira onda”, ressaltou Ethel Maciel.
Para impedir uma nova aceleração de casos e mortes, a receita é o que a população, de modo geral, já sabe de cor: distanciamento, máscara e vacinação. “Muitas vezes a pessoa vacinada acha que já está protegida e pode sair sem máscara, pode ficar em aglomerações. Devemos evitar isso, porque como tem muitos casos novos por dia, muitas pessoas doentes, o vírus está circulando muito e nós ainda temos a possibilidade de nos infectar, mesmo estando vacinados. Então o mais prudente, neste momento, tanto para os vacinados quanto para os não vacinados, é continuar seguindo todas as medidas de prevenção”, alertou Ethel Maciel.
Com informações do repórter Lucas Henrique Pisa, da TV Vitória/Record TV