A enxaqueca é uma doença neurológica e a principal causa de dores de cabeça severas na população. Cerca de 15% da população mundial (mais de 31 milhões de brasileiros) têm enxaqueca, considerada a doença mais impactante entre jovens adultos de 20 a 50 anos e a sexta na população geral, que acomete três vezes mais as mulheres.
Além do impacto na vida social e familiar do paciente, a doença também afeta o lado profissional, sendo a principal causa de faltas no trabalho. Por isso, para chamar atenção da população a respeito da enxaqueca, a Sociedade Brasileira de Cefaleia estipulou o dia 19 de maio como Dia Nacional de Combate à Cefaleia.
A dor de cabeça é a principal característica da doença, podendo durar de quatro a 72 horas durante uma única crise, caso não se faça o tratamento adequado. Mas, normalmente, outros sintomas acompanham as crises, como a sensibilidade à luz, barulhos e cheiros, náuseas e vômitos. “Entre 20 a 30% dos pacientes têm enxaqueca com aura. A aura pode se iniciar antes ou junto com a dor de cabeça”, comenta a neurologista e cefaliatra Dra. Thais Villa, chefe do Setor de Cefaleias da Unifesp. “A aura visual é a mais frequente, quando surgem pontos brilhantes, escuros ou imagens em ziguezague no campo de visual”, esclarece. Outros sintomas da aura são formigamento ou dormência de um lado do corpo e dificuldade de pronunciar palavras, mas essa última sendo menos comum.
Apesar de ser uma das queixas mais comuns nos consultórios médicos, nem sempre as dores de cabeça são tratadas corretamente.6 “Isso impacta diretamente no diagnóstico e tratamento do paciente com enxaqueca, que acaba se automedicando e fazendo o uso excessivo de analgésicos, podendo intensificar ainda mais as crises”, afirma Dra. Thais.
A médica alerta que o tratamento da enxaqueca tem início no diagnóstico correto. “É preciso analisar o histórico familiar, quais são os hábitos e comportamentos desse paciente e qual a frequência dos episódios de dor”, explica.
O tratamento agudo ou abortivo da enxaqueca é aquele onde o paciente utiliza medicamentos no momento das crises para o alívio da dor de cabeça, porém alguns pacientes necessitam de tratamento profilático, que tem o objetivo de reduzir a frequência e intensidade das crises de enxaqueca. Para isso, os pacientes precisam de avaliação e acompanhamento médico, “garantindo uma melhora na qualidade de vida, ganhos com a saúde e redução da medicação nas crises”, ressalta a neurologista.
A tecnologia também tem sido uma aliada no tratamento. “Há aplicativos que ajudam o paciente a identificar o que pode ser gatilho para crises, como o consumo de álcool, privação de sono, estresse e ciclos hormonais femininos”, comenta. Dra. Thais lembra ainda que o relatório do mês pode ser compartilhado com o médico “auxiliando no tratamento e controle da doença”.