Saúde

Escherichia Coli: conheça a bactéria que pode ter causado a morte de criança de 2 anos em creche

Ministério da Saúde alertou a população em 2011 sobre surto de infecção pela bactéria

Foto: Divulgação / Pexel
Helmut Fickenscher, diretor da Clínica Universitária de Schleswig-Holstein, em Kiel, Alemanha. 

Cinco crianças foram hospitalizadas após um surto de diarréia em uma creche localizada no bairro Praia da Costa, em Vila Velha. O menino Théo, de dois anos, foi um dos acometidos pela infecção e acabou falecendo. 

Após biopsia acredita-se que a morte da criança tenha ocorrido devido a uma contaminação com a bactéria Escherichia coli em uma carne de boi mal cozida ingerida por Théo. A bactéria provoca a síndrome hemolítico-urêmica.

Em 2011, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou um alerta do Ministério da Saúde sobre surto de infecção pela bactéria, orientando principalmente quem iria fazer viagens internacionais a não comer alimentos crus, sobretudo de origem animal e vegetal. O comunicado dizia o seguinte: 

“O alerta decorre do registro de mais de 1,8 mil casos de infecção pela bactéria Escherichia coli (E.coli), com 18 mortes, principalmente na Alemanha – de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Não há nenhuma recomendação de restrição de viagem e é importante seguir as orientações das autoridades de saúde do país visitado”. 

Foto: Divulgação
E. coli enterohemorrágicas- Bactéria é oriunda dos países europeus. 

O que é Escherichia coli?

A Escherichia coli (E. coli) é uma bactéria encontrada naturalmente no intestino de humanos e animais. A maioria das cepas de E. coli são inofensivas, mas algumas podem causar graves doenças transmitidas por alimentos, como é o caso da E. coli enterohemorrágica (EHEC). Este tipo de E.coli produz duas toxinas, chamadas “verotoxina” ou do tipo “Shiga”. Por isso, a bactériaenterohemorrágica é também denominada de E. coli produtora de verotoxina (VTEC) ou E. coli produtora de toxina Shiga (STEC).

Inspeção da origem dos casos em 2011

Desde o surgimento dos primeiros casos na Alemanha, autoridades de saúde europeias têm investigado a origem da contaminação. Especula-se que a fonte primária tenha sido alguns tipos de vegetais, como pepino, tomate ou alface. “Mas as investigações epidemiológicas ainda estão em curso e é prematuro responsabilizar algum produto pela transmissão da bactéria na Europa”, advertiu o epidemiologista Jarbas Barbosa, que na época era secretário de Vigilância em Saúde do Ministério e hoje é Diretor-presidente da Anvisa. 

Sintomas

Os principais sintomas da doença provocada pela E. coli enterohemorrágica são cólicas abdominais severas e forte diarreia, inclusive com presença de sangue. Vômitos e febre também podem ocorrer. O período de incubação, isto é, o tempo entre a transmissão e o início do aparecimento dos sintomas varia de três a oito dias. A maioria dos infectados recupera-se em até dez dias.

No entanto, em pessoas mais vulneráveis, como idosos e crianças, a infecção pode agravar-se, levando à Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU) – caracterizada por falência renal aguda, anemia hemolítica (decorrente da destruição anormal das hemácias) e trombocitopenia (redução no número de plaquetas, responsáveis pela coagulação do sangue).

Cuidados para evitar transmissão

A E. coli enterohemorrágica (EHEC) é transmitida ao homem pelo consumo de alimentos contaminados, principalmente carne e leite, crus ou mal cozidos. Comer vegetais contaminados crus também pode transmitir a bactéria.

Outra possibilidade é a transmissão entre pessoas, por via fecal-oral (quando alguém ingere água ou alimentos contaminados por micropartículas de fezes de pessoas infectadas; ou quando uma pessoa leva à boca objetos contaminados).

– Disposição adequada das fezes de pessoas infectadas, boa higiene e lavagem cuidadosa das mãos com sabão limitam a disseminação da infecção.

– Medidas preventivas, que podem ser eficazes em creches, incluem agrupamento de crianças sabidamente infectadas por STEC ou solicitação de duas culturas de fezes negativas antes de permitir que crianças infectadas sejam atendidas.

– Pasteurização do leite e cozimento cuidadoso da carne de boi previnem a transmissão por alimentos.

O Ministério da Saúde alerta: “É importante notificar epidemias de diarreia sanguinolenta às autoridades de saúde pública, porque intervenções podem prevenir infecções adicionais”. 

Cinco recomendações básicas para consumo e preparo de alimentos

1. Consumir apenas água potável e alimentos bem lavados;

2. Manter a limpeza durante o preparo dos alimentos;

3. Separar alimentos crus de cozidos (durante o preparo);

4. Cozinhar completamente os alimentos (acima de 70º C);

5. Manter os alimentos em temperaturas seguras. 

* Com informações do Ministério da Saúde