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Mulher, negra e cientista: professora leva inovação e inclusão a pacientes no ES

Pioneira e referência na reabilitação física, a professora Gilma Coutinho abre caminhos para mulheres na ciência e na inclusão

Professora e pesquisadora Gilma Coutinho
Professora e pesquisadora Gilma Coutinho. Fotos: Acervo pessoal

Uma mulher negra que dedica sua vida à ciência e à reabilitação, ajudando pessoas com deficiência a terem mais autonomia e qualidade de vida. Esse é o legado de Gilma Coutinho, professora e pesquisadora que atua no desenvolvimento de tecnologias assistivas, como órteses personalizadas, para melhorar o dia a dia de quem precisa.

Gilma coordena o Laboratório de Análise Funcional e Ajudas Técnicas (Lafatec), na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), onde confecciona órteses adaptadas às necessidades individuais de pacientes com limitações motoras.

Ela é a primeira terapeuta ocupacional do Estado. Além disso, acompanha de perto a evolução da impressão 3D na reabilitação, trazendo inovação para o campo da terapia ocupacional.

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“A gente confecciona de acordo com a necessidade da pessoa, para que ela possa melhorar a função e realizar suas atividades diárias”, explica a professora.

Sua atuação vai além do laboratório. Gilma é coordenadora do Grupo de Pesquisa CNPq sobre Terapia Ocupacional, Reabilitação Física e Tecnologia Assistiva e preside o Conselho Consultivo da Clínica Escola Interprofissional em Saúde da Ufes.

Com sua atuação na UFES e em projetos sociais, ela segue transformando a realidade da reabilitação no Brasil/Foto: Arquivo Pessoal
Com sua atuação na Ufes e em projetos sociais, ela segue transformando a realidade da reabilitação no Brasil/Foto: Arquivo Pessoal

MULHER NEGRA NA CIÊNCIA

Ao longo da carreira, Gilma precisou ser resistente.

No início, foi difícil. Até provar que você tem capacidade e competência, leva um tempo. Muitas vezes, ainda precisam lembrar que você é inteligente apesar de ser mulher e negra, conta.

Para ela, a busca pelo conhecimento foi essencial para superar esses desafios.

“Se você sabe o que está fazendo, ninguém pode dizer não. Eu sempre apostei nisso: estudar, pesquisar, aprender”

A falta de referências na terapia ocupacional no Espírito Santo também foi um obstáculo. Sem muitas profissionais na área, precisou buscar conhecimento em outros estados e países.

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Exemplo de um modelo da confecção de órteses/Foto: Arquivo pessoal
Exemplo de um modelo da confecção de órteses/Foto: Arquivo pessoal

ENSINO E PESQUISA

Além da pesquisa, Gilma sempre teve o desejo de ampliar o acesso à terapia ocupacional. Por isso, atuou na criação dos primeiros cursos da área no Espírito Santo.

Em 2000, ajudou a fundar o curso de Terapia Ocupacional na Faesa. Depois, em 2007, levou a graduação para a Ufes, onde hoje é professora adjunta e continua formando novos especialistas.

Seu compromisso com a inclusão também se refletiu no Projeto TATO Comunidade (2012-2018), que forneceu dispositivos assistivos para idosos e pessoas com deficiência, aumentando sua autonomia no dia a dia.

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A MULHER POR TRÁS DA CIENTISTA

Mãe, avó e apaixonada pela vida, Gilma equilibra a rotina intensa com momentos de lazer. Ama cinema, teatro, livros, praia e carnaval, e sempre que pode, viaja para explorar novos lugares.

Ao mesmo tempo, segue firme em sua missão de ensinar, aprender e pesquisar na área da reabilitação.