Saúde

Especialista orienta sobre o uso correto do repelente nas crianças

Na época mais quente do ano, os pais precisam ter atenção redobrada para proteger seus filhos contra os mosquitos

Foto: Divulgação

Com a aproximação do verão, cresce a preocupação da população com a proliferação de mosquitos. Principalmente o Aedes aegypti, transmissor de doenças preocupantes como a dengue, a Zika e a Chikungunya. Por isso, o uso de repelentes é recomendado, sobretudo para proteger as crianças contra as picadas desses insetos. A médica Maria da Glória Neiva, diretora da área de pediatria do Hospital Vitória, orienta abaixo quanto à aplicação correta do repelente nas crianças.

Os repelentes podem ser usados em crianças?

Sim. A maioria dos produtos pode ser aplicada em crianças, desde que sejam respeitadas as recomendações dos pediatras, que não indicam o uso em menores de 6 meses.

Com o aumento da temperatura e a previsão de novos casos de doenças quais são as recomendações para proteger as crianças, principalmente, os bebês menores de 6 meses?

O cuidado com o ambiente é fundamental. Entre as medidas a serem adotadas, os pais podem utilizar telas nas janelas. Também é recomendável ligar repelentes elétricos próximo a janelas e portas e manter o ambiente sempre limpo – tendo cuidado especial com a limpeza de terrenos e lotes próximos à residência, com a devida retirada de lixo e entulhos.

É mito ou verdade que o uso do complexo B afasta os mosquitos?

Não existem evidências científicas que apontem a eficácia do uso dessa vitamina contra as picadas dos mosquitos, por isso sua utilização é controversa.

Quais as substâncias permitidas nos repelentes para as crianças e qual é a faixa etária indicada?

Repelentes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que contenham os princípios ativos DEET, icaridina e IR 3535, são permitidos para uso nas crianças acima de 6 meses. É recomendado que os pais confiram as instruções das embalagens dos diversos produtos disponíveis no mercado, considerando o tempo de atuação de cada um deles, bem como as orientações para a faixa etária permitida. É importante que os pais não apliquem durante o sono. Para esse momento, o uso de telas protetoras, ventiladores, ar-condicionado e repelentes eletrônicos são mais adequados.

É necessário fazer algum teste alérgico para saber qual tipo de repelente poderá ser aplicado na pele das crianças? E nos bebês, como os pais devem proceder?

A orientação é a de seguir as medidas de prevenção mencionadas anteriormente, sempre utilizando nas crianças com mais de 6 meses. Cada produto tem, em seu rótulo, a recomendação de tempo de atuação e a fase da infância permitida. No caso da apresentação de reações alérgicas aos repelentes, o indicado é procurar o pediatra que acompanha seu filho ou um serviço de emergência especializado em atendimento infantil.

Mesmo que os pais tomem todos os cuidados e ainda assim a criança seja picada, quais as recomendações imediatas?

São indicados a limpeza das lesões e o corte das unhas das crianças, a fim de evitar traumas em decorrência do prurido (coceira). Outra medida importante é evitar o uso de medicamentos sem a devida orientação do pediatra. Além disso, é necessário observar se não ocorrem sintomas, como pintas vermelhas, febre e queixa de dores. Vale reforçar que nem sempre as picadas apresentam lesões perceptíveis, por isso é importante estar atento e procurar assistência médica em caso de dúvida.

Há como diferenciar a picada do mosquito comum e a do Aedes aegypti?

Não é possível fazer essa diferenciação. O importante é reforçar a proteção quando a criança está em áreas abertas, durante o dia, principalmente no início da manhã – quando o mosquito tem maior atividade – e no final da tarde.

Recomendações adicionais

· Não aplicar o repelente na mão da criança para que ela mesma o espalhe no corpo. O motivo é que os pequenos podem passá-lo nos olhos ou na boca;

· Aplicar o repelente na quantidade e nos intervalos recomendados pelo fabricante, lembrando que a maioria dos produtos atuam até 4 centímetros do local da aplicação;

· Não aplicá-lo próximo da boca, do nariz, dos olhos ou sobre a pele traumatizada. Outra dica é guardar a bula ou a embalagem para posterior consulta, em caso de efeitos adversos (alergias);

· Assim que não for mais necessário, o repelente deve ser retirado no banho;

· Em locais muito quentes ou em crianças que suam mais, os médicos e fabricantes recomendam reaplicações mais frequentes.