Saúde

Especialistas alertam para os riscos da harmonização facial

A administração errada do produto pode levar a necrose do tecido, provocada pela quantidade excessiva de preenchimento de uma só vez, em uma área de risco perto da artéria

Foto: divulgação/freepik

No ano passado, em relatório publicado pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica, o Brasil ficou em segundo lugar no ranking de procedimentos estéticos no mundo todo, atrás apenas dos Estados Unidos. Em alta na estética, a harmonização facial é indicada para trazer mais simetria ao rosto da paciente. Mas diariamente a mídia mostra casos do procedimento que deram errado pela má administração do produto.

O caso mais recente foi do cantor Lucas Lucco que passou pelo procedimento, que injetou ácido hialurônico em pontos do rosto (como queixo, maxilar, têmporas) para dar volume e mudar a aparência, e não gostou do resultado final. Antes de realizar a harmonização é importante que o paciente se informe sobre o procedimento e todos os riscos relacionados à técnica, segundo o cirurgião plástico Humberto Pinto. “É muito importante que a harmonização fácil seja realizada por um cirurgião plástico ou um dermatologista”, afirma.

A administração errada do produto pode levar a necrose do tecido, provocada pela quantidade excessiva de preenchimento de uma só vez, em uma área de risco perto da artéria. Esses casos acontecem quando existem chances dos preenchedores obstruir o fluxo sanguíneo local gerando a necrose.

O cirurgião plástico alerta para os cuidados que devem ser tomados na hora de escolher o profissional para evitar esses contratempos. “Este procedimento é excelente quando bem indicado, mas a realização por profissionais não médicos leva a uma banalização perigosa, principalmente neste momento que estamos vivendo, pois as possíveis complicações somente os médicos estão habilitados a tratar”, completa Humberto Pinto.

Preservar os traços

Já a dermatologista Irene Baldi reforça a complexidade do procedimento e a importância de estudar as feições individuais. “Nem toda mandíbula precisa ser quadrada, nem todo lábio precisa ser volumoso e nem todo nariz precisa ser fino e arrebitado para o rosto ser belo e atraente”, diz Irene.

“As pessoas têm traços harmônicos, que podem ser ressaltados por meio de procedimentos, e podem ser feitas também eventuais correções no que está em desarmonia ou no que incomoda o paciente”, completa ela, que é a favor da diversidade e da beleza realçada, não da beleza montada e espelhada em celebridades.

A busca para sanar imperfeições e harmonizar a face estão entre as principais queixas, segundo a dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) Karina Mazzini. A médica alerta para os cuidados com a manipulação do produto. “Muitas vezes a dosagem do produto acaba ultrapassando a quantidade necessária para um efeito natural, o que pode gerar uma perda das características do paciente, como a simetria do rosto, e ao mesmo tempo gerar grandes riscos e efeitos colaterais, graves, ocasionando até a deformação da face”, ressalta.

Karina pondera também sobre o padrão de harmonização aplicado em rostos diferentes, sem uma avaliação específica para cada um. “Por isso é importante buscar um profissional médico qualificado e habilitado, que vai estabelecer critérios e vai preservar as características da pessoa no procedimento”, diz.