Coceiras pelo corpo, vermelhidão, aparecimento de espinhas, caspa. Você sabia que todas essas alterações podem aparecer devido ao estresse? Segundo a dermatologista Gina Matzenbacher situações de estresse são gatilhos para o aparecimento de dermatites e acne. “A dermatite seborreica, atópica e a disidrose são as mais comuns em situações estressantes, apesar de existirem outras”, comenta.
Por estarem diretamente relacionadas ao fator psicológico, os casos de lesões na pele cresceram muito durante o período da quarentena. Se você já sofreu ou sofre com essas situações, a doutora Gina dá dicas de como tratá-las.
Situações de estresse podem causar dermatites na pele? Por quê?
Gina Matzenbacher: Sim, algumas situações de estresse podem causar dermatites na pele, inclusive o estresse é o principal gatilho de algumas dermatites. As que mais vemos no consultório é a dermatite seborreica, vulgarmente conhecida como caspa, que pode acontecer no couro cabeludo, no rosto, no tronco anterior e nas costas. Outra dermatite comum com o estresse é a dermatite atópica, que é mais frequente em crianças, podendo surgir nos primeiros meses de vida. E outra situação que é bem comum, e às vezes as pessoas não sabem que é proveniente do estresse, é a disidrose, que são pequenas vesículas que se rompem, formando leves escamações. Podem coçar ou não, depende de cada indivíduo.
Como essas alergias podem se manifestar em cada região do corpo?
Gina Matzenbacher: A dermatite seborreica, a dermatite atópica e a disidrose são as mais causadas pelo estresse do nosso dia a dia, apesar de existirem outras. A seborreica acontece no couro cabeludo, na região das sobrancelhas e dos cílios e na área nasal. No homem, é comum na região da barba. Também pode acontecer dentro do ouvido ou atrás da orelha. A dermatite atópica aparece na criança principalmente nas bochechas, barriga, braços e pernas. No adulto, ela é mais comum nas dobras do braço e atrás dos joelhos. A disidrose acontece nas palmas das mãos e plantas dos pés.
Quais os tratamentos indicados nessas situações? Existe um tratamento específico para cada tipo de dermatite?
Gina Matzenbacher: Os tratamentos variam de acordo com o diagnóstico e são completamente diferentes para cada tipo e cada caso. Para a dermatite seborreica, são indicados xampu e loções anticaspa. Na dermatite atópica, o foco maior são os anti-inflamatórios tópicos e a hidratação. O banho com sabonete é um dos piores inimigos da dermatite atópica. Para tratar a dermatite disidrótica, são aconselhados anti-inflamatórios tópicos em casos coceira, e apenas hidratação, quando não há coceira.
O inverno pode fazer com que essas alergias piorem? Como se proteger?
Gina Matzenbacher: O inverno tem forte relação com a dermatite atópica, já que o frio piora as lesões, especialmente por causa dos banhos mais quentes e da menor exposição ao sol. Mas a principal relação é com a dermatite seborreica. Independentemente de situações de estresse, a caspa piora no frio. Para se proteger no inverno, é importante aumentar a hidratação do corpo, diminuir o uso de sabonetes, porque eles ressecam a pele, e procurar fazer banhos mais curtos e com água morna, mais para fria. Quem tem caspa deve usar xampu específico diariamente.
É verdade que cravos e espinhas, comuns na adolescência, podem surgir na fase adulta por excesso de tensão? Qual o tratamento indicado? Como prevenir que isso aconteça?
Gina Matzenbacher: A acne é uma doença que tem relação com estresse. Isso acontece por causa da liberação do cortisol, que é o hormônio do estresse. E o cortisol tem relação na gênese da acne. Por essa situação, a acne piora com o estresse não só em adolescentes, mas principalmente na vida adulta, principalmente entre mulheres. Vale lembrar que a acne é uma doença multifatorial e que o estresse vai agir na piora do quadro. A prevenção é manter o tratamento da pele, seja oleosa ou acneica, com produtos orientados pelo dermatologista. Quanto ao estresse, em alguns casos a psicoterapia está associada ao tratamento.