Estados Unidos proíbem corantes artificiais — e o Brasil?

Em abril de 2025, o secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., anunciou a proibição de oito corantes alimentares sintéticos à base de petróleo. A meta é eliminá-los do mercado americano até o final de 2026. A medida visa substituir essas substâncias por alternativas naturais, como cúrcuma e extrato de beterraba, ou exigir que os produtos contenham alertas sobre possíveis riscos à saúde.

A decisão foi motivada por preocupações crescentes sobre os efeitos desses corantes na saúde, especialmente em crianças. Estudos associam o consumo de corantes artificiais a problemas como hiperatividade, distúrbios neurocomportamentais, alergias e, em alguns casos, riscos de câncer.

E no Brasil?

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite o uso de 14 corantes artificiais em alimentos. Esses incluem tartrazina (INS 102), amarelo crepúsculo (INS 110), eritrosina (INS 127), vermelho 40 (INS 129) e caramelo IV (INS 150d). Cada um possui um limite de ingestão diária aceitável (IDA), estabelecido com base em avaliações de segurança.

Esses corantes estão presentes em diversos produtos consumidos diariamente: refrigerantes escuros, balas, gelatinas coloridas, sucos artificiais, cereais matinais, bolachas recheadas, molhos prontos e sobremesas industrializadas.

Foto: Freepik

A rotulagem de produtos que contêm corantes artificiais é obrigatória, devendo incluir a declaração “Colorido artificialmente”. No caso específico da tartrazina, é necessário que o nome do corante seja declarado por extenso no rótulo.

Recentemente, a Anvisa anunciou a revisão das bases científicas que sustentam a autorização do corante vermelho nº 3 (eritrosina) no Brasil. Isso ocorreu após a FDA dos Estados Unidos proibir a substância com base em estudos que indicaram riscos de câncer em ratos. A Anvisa afirmou que irá analisar os dados apresentados para avaliar a necessidade de revisão da regulamentação vigente.

O papel da nutrição na escolha consciente de aditivos

Se um aditivo está aprovado pela Anvisa, isso significa que passou por critérios rigorosos de segurança. Dessa forma, dentro das quantidades estabelecidas, é considerado seguro para consumo. No entanto, isso não exclui a importância da moderação e da preferência por alimentos menos processados, principalmente quando falamos de crianças ou indivíduos com maior sensibilidade.

Um exemplo que merece atenção é o corante caramelo IV. Ele é bastante comum em refrigerantes escuros e molhos prontos. Embora ainda permitido no Brasil, alguns estudos associam sua presença à formação de 4-MEI, um composto potencialmente cancerígeno. Isso reforça a importância de priorizar versões mais naturais — especialmente quando o consumo é frequente.

Para os consumidores brasileiros, vale a pena ler os rótulos, moderar o consumo e, sempre que possível, dar preferência a versões naturais dos alimentos. O mais importante é lembrar que a saúde está na constância dos hábitos — e quanto mais comida de verdade no prato, melhor.

Bruna Tommasi

Colunista

Nutricionista graduada pela Universidade Vila Velha e pós-graduanda em Nutrição Esportiva e Estética. É apaixonada por promover saúde de forma prática, combinando ciência e estilo de vida para ajudar as pessoas a alcançarem seus objetivos com equilíbrio

Nutricionista graduada pela Universidade Vila Velha e pós-graduanda em Nutrição Esportiva e Estética. É apaixonada por promover saúde de forma prática, combinando ciência e estilo de vida para ajudar as pessoas a alcançarem seus objetivos com equilíbrio