Você trabalha ou sobrevive ao trabalho? A resposta para essa pergunta irá dizer muito a respeito da sua saúde mental e física. Afinal, as doenças causadas pelo trabalho já são consideradas “comuns”, mas extremamente nocivas ao bem estar de milhares de trabalhadores. Prova disso, são as doenças, como síndrome de burnout, cateterismo, ataque cardíaco e depressão crônica que tem acometido diversas pessoas todos os dias. Além disso, dados da Organização Mundial de Trabalho mostram que o Brasil é o segundo país mais estressado do mundo.
Ter uma crise de estresse com efeitos fisiológicos que demandem atendimento médico não é mais o alerta vermelho de “vamos repensar essa rotina” e, deveria ser!
“Estamos falando de uma maioria de profissionais que têm entre 20 e 40 anos. Claro que dados são importantes, mas não precisamos pesquisar muito para encontrar profissionais que atuam à beira de um colapso e, é claro, que tem algo errado nisso. As pessoas tem caminhos para tomar as rédeas da sua trajetória profissional e estabelecer limites do quanto ela vai consumir da sua energia”, comentou a psicóloga master coach, Liamar Fernandes.
Segundo a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, alguns fatores contribuem para o aumento e desenvolvimento de doenças psicossociais. Alguns exemplos são cargas de trabalho excessivas, exigências contraditórias e falta de clareza na definição de funções, falta de autonomia para executar o trabalho, assédio psicológico ou sexual, insegurança se irá permanecer na empresa, falta de apoio da chefia e dos colegas e a má gestão.
Analogia
“Como master coach, trabalho com as pessoas para melhorar a performance delas. Horas excessivas de trabalho não são sinônimo de produtividade. Pense no trabalho como uma academia. Fazer musculação é bom, inclusive para ter um crescimento, você tem que ter uma espécie de lesão no músculo, que seria nesta analogia o estresse. Ou seja, ele também é bom. Mas você precisa saber usá-lo e saber a hora de aplicar o descanso, que é o momento que o seu músculo se refaz e cresce. No trabalho, quando descansa, você se recompõe e coloca sua saúde (corpo e mente) em dia. Se você fizer musculação demais, terá um overtraininge ao invés de desenvolver músculos, terá uma lesão e ficará parado. Acontece a mesma coisa no trabalho”, pontua Liamar.
O Instituto Americano do Estresse calcula que o custo anual causado pelo estresse chega a U$ 300 bilhões (R$ 1,1 trilhão) ou seja, economicamente o sistema atual, também, não é vantajoso.
Como amenizar os fatores de influência
A psicóloga tem uma visão bem diferente do cenário. “O trabalho edifica o homem, dignifica, dá oportunidade de desenvolvimento e crescimento. É positivo. É maravilhoso! Não concordo com visões que já levem para um lado de que só serve para escravizar as pessoas. Como tudo na vida, ele precisa de equilíbrio”, pontua.
Como melhorar a qualidade de vida no trabalho?
As recomendações da especialista são: trabalhe um número x de horas e tenha disciplina para cumprir este número. “A maioria dos meus clientes começa dizendo que isso não é definido por eles e termina com uma rotina definida. Claro que um ou outro dia haverá exceções, dependendo da sua atividade, mas a exceção não pode virar regra ou se for, você tem que partir deste princípio e trabalhar suas expectativas”, destacou.
Performance: trabalhar mais em menos tempo é um exemplo de aumento de performance.
Ter o restante da carga horária livre para fazer as atividades que julgar importantes para sua vida: ir ao teatro, fazer um jantar, ler, andar, dormir, ligar para uma amiga e bater papo, enfim, ter tempo para si e para fazer a manutenção do seu corpo, mente e alma.
Assuma responsabilidades e tome decisões coerentes com a qualidade de vida que busca. “Passe a fazer exercícios de administração do tempo, estabeleça métodos de organização de atividades, defina metas para si que limitem sua entrega ao trabalho. Aprenda a delegar e performe ao máximo quando estiver trabalhando. Pode parecer óbvio, mas se propor a um “ISO” interno de procedimentos e processos pessoais buscando a excelência, performance e resultados, pode ajudar bastante nesta qualidade de vida no trabalho”, brinca a especialista.
Outros dados
– A Organização Mundial do Trabalho levantou que 40 milhões de pessoas no mundo sofrem de estresse grave relacionado ao trabalho;
– As reações ao estresse grave, transtornos de adaptação e episódios depressivos causaram 79% dos afastamentos no período de 2012 a 2016;
– A depressão é a principal causa de pagamento de auxílio-doença não ligado a acidentes, com 31% dos casos. Os transtornos de ansiedade vêm logo em seguida, com 18%;
– Precarização dos postos de trabalho e falta de assistência médica são fatores que aumentam o desenvolvimento de doenças psicossociais.