O uso de plasma sanguíneo doado de sobreviventes de covid-19 para tratar pacientes com doenças graves por coronavírus gerou certa controvérsia. Mas um pequeno novo estudo sugere que pode ter mérito real. O estudo com 39 pacientes com covid-19 grave, que foram tratados em um hospital da cidade de Nova York, descobriu que o tratamento aumentava a sobrevida, disseram os pesquisadores.
O especialista em geriatria e gerontologia Rubens de Fraga Júnior, explica que o plasma é o componente do sangue que contém anticorpos do sistema imunológico. O chamado “plasma convalescente” dos sobreviventes do coronavírus é rico em anticorpos contra a SARS-CoV-2, e acredita-se que infundir o plasma em pacientes com covid-19 pode ajudá-los a lutar contra a doença.
Em 23 de agosto, a Food and Drug Administration concedeu a aprovação de emergência para o uso de plasma convalescente como tratamento para a doença – apesar da falta de prova de eficácia de ensaios clínicos randomizados. Esses testes estão em andamento, mas, entretanto, evidências anedóticas sugerem que, pelo menos, a terapia é segura, disse um especialista.
Em 15 de setembro na revista Nature Medicine, o grupo de Bouvier concluiu que “plasma convalescente é potencialmente eficaz contra covid-19.” “Os pesquisadores descobriram que no dia 14 após receberem a terapia de plasma, 18% dos pacientes ainda precisavam de suplementação de oxigênio, em comparação com 28% daqueles no grupo ‘controle’ que não receberam a infusão”, explicou o especialista.
No final do estudo em maio, 13% das pessoas que receberam plasma convalescente morreram em comparação com 24% das que não tiveram, disseram os autores do estudo.
Ainda assim, o estudo não foi um grande ensaio clínico randomizado, disse o grupo de Bouvier, então os resultados não são definitivos. “Estudos adicionais são necessários para confirmar esses achados e tirar conclusões mais definitivas sobre a eficácia da transfusão de plasma convalescente para o tratamento de covid-19 em diferentes populações”, concluiu a equipe. “Acho que todos concordam que as lacunas de conhecimento existentes podem ser melhor abordadas por meio de ensaios de alta qualidade”, disse.