A ivermectina, usado no tratamento de vários tipos de infestações por parasitas, não é eficaz no tratamento da covid-19. A conclusão é de um estudo que foi publicado nesta semana na mais importante revista científica de infectologia, a Clinical Infectious Diseases, da Oxford University Press.
O estudo foi realizado por pesquisadores que fizeram uma revisão sistemática de outros estudos já publicados utilizando uma ferramenta de meta-análise. Eles escolheram ensaios clínicos randomizados (RCTs) publicados e pré-impressos avaliando os efeitos da ivermectina em pacientes adultos com covid-19 e que foram pesquisados até 22 de março de 2021.
Para chegar à conclusão, o grupo definiu desfechos primários para avaliar a eficácia da droga. São eles: tempo de internação e eventos adversos, além de eliminação viral e eventos adversos graves como desfechos secundários.
Ao final, os autores concluíram que “em comparação com tratamento padrão ou placebo, a ivermectina não reduziu todas as causas de mortalidade, tempo de internação ou depuração viral em estudos controlados por placebo em pacientes com covid-19, principalmente com doença leve”. E acrescenta: “ivermectina não é uma opção viável para tratar pacientes com covid-19”.
Estudo confirma o que os médicos já denfendiam
O médico infectologista e professor da Unesp, Alexandre Naime Barbosa, diz que o estudo deixa claro o que já se sabia: “Usar ou não usar a ivermectina não muda a história natural da doença, não previne casos graves”.
“Mesmo se você fizer uso inicial, naquela estratégia que, infelizmente, alguns grupos pseudocientíficos colocam como tratamento precoce. Portanto, a ivermectina não deve ser usada no tratamento da covid porque não apresenta benefícios”, observa.
Uso indiscriminado da ivermectina causa danos no fígado
Cabe destacar que a ivermectina é um medicamento que pode causar lesões permanentes no fígado. Há relatos no Brasil de pessoas que fizeram uso da droga na esperança de se proteger da covid-19 e precisaram entrar na fila de transplante hepático.
Naime Barbosa acrescenta que este tipo de estudo, “chancelado pelo controle de qualidade da Oxford”, “são o topo da medicina baseada em evidência”.
“Uma nota importante é que os estudos feitos até agora foram de baixa qualidade, isto está escrito na meta-análise. Por isso, eles já vão começar um ensaio clínico maior para colocar uma pedra de vez neste assunto, uma pá de cal. Mas até agora, com o que a gente tem de dados, é essa conclusão”, finaliza o médico.
*Com informações do Portal R7