Um estudo recente publicado no Journal of the American Medical Association, realizado com centenas de pacientes testados para covid-19, na Flórida, apontou que entre os pacientes com resultados positivos para o novo coronavírus, aproximadamente 9,4% do total, estavam em uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (Ibuprofeno).
A conclusão é que não existe associação entre o uso de medicamentos anti-inflamatórios e a positividade do teste de covid-19. Portanto a recomendação é que se continue utilizando esses medicamentos.
A pesquisa negou as especulações anteriores levantadas em publicação da revista The Lancet, em março deste ano. A principal preocupação era que a ação dos AINEs, IECA, BRA, e ibuprofeno, pudesse aumentar os níveis da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), co-receptor para a entrada de SARS-CoV-2 nas células, o que resultaria em um potencial aumento no risco de contrair a doença ou seu agravamento.
A gerente médica da Mantecorp Farmasa, Dra. Denise Katz, explica que os dados da recente pesquisa do JAMA, realizada entre 8 de março de 2020 e 12 de abril de 2020, são fundamentais para embasar as decisões da classe médica nesses períodos. “Após as especulações iniciais, muito estudos clínicos, instituições científicas e órgãos sanitários internacionais foram conduzidos para apoiar a sociedade médica durante a pandemia. Ainda está sendo estudado o comportamento do novo coronavírus, mas já é possível retornar à indicação habitual do ibuprofeno para pacientes com dores e febres”, explica.
Outras pesquisas
O American Therapeutics Journal publicou um artigo informando que além de não existir evidências suficientes para colocar em dúvida a utilização de ibuprofeno durante a pandemia de covid-19, dados disponíveis de alguns estudos limitados mostram que a administração de ACE2 recombinante pode melhorar lesões em vias respiratórias e danos pulmonares causados por infecção viral, sugerindo a possibilidade de que o aumento de ECA2, incluindo a molécula de ibuprofeno, possa ser benéfica em pacientes com lesão pulmonar viral.
Já um artigo publicado no The Journal of Headache and Pain, explica que as especulações iniciais foram feitas sem o fornecimento das evidências, com uma “base excepcionalmente fraca para tirar uma conclusão abrangente sobre o uso de ibuprofeno em pacientes com dor de cabeça durante a pandemia de covid-19”.
Após muitos questionamentos da mídia, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) também se posicionou alertando a população que não há razão para que pacientes que tomam AINEs para doenças crônicas parem de tomá-los. Segundo documento emitido pela instituição não há evidências científicas que estabeleçam uma ligação entre ibuprofeno e a piora da covid-19, ressaltando ainda que pacientes e profissionais de saúde devem levar em consideração as informações de cada produto, sempre esclarecendo dúvidas com seus médicos e farmacêuticos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também consultou diversos médicos que tratam de pacientes de covid-19, não tendo entre os profissionais relatos negativos do uso de ibuprofeno, além dos efeitos colaterais que limitam o uso em determinadas pessoas.