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A invermectina faz parte do chamado “kit Covid”, e apesar de, segundo especialistas, não oferecer nenhum benefício no tratamento ou prevenção da infecção pelo coronavírus, o consumo do medicamento em excesso aconteceu em várias partes do país.
Pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) fizeram um alerta, em agosto deste ano, para o consumo inadvertido e indevido do antiparasitário.
Em um artigo, os pesquisadores integrantes do Núcleo de Estudos em Farmacoterapia (NEF) analisaram casos de sarna humana (escabiose) resistente à ivermectina, droga usada para essa doença.
“O nosso artigo lança a hipótese de que poderíamos ter problemas com surtos de escabiose resistente, por conta do uso irracional da ivermectina. O surto está configurado, pois está havendo um aumento rápido de casos de lesões de pele com coceira e outros sintomas”, afirma a professora Sabrina Neves, uma das autoras do trabalho, em comunicado.
Ela se refere a um surto com mais de 250 casos de erupções cutâneas e coceira de origem desconhecida que estão sendo investigados em Pernambuco.
“Ainda não há diagnóstico da doença que está causando o surto. Algumas hipóteses da etiologia [origem] estão sendo testadas; entre elas está a escabiose levantada pelo artigo.”
Os autores salientam que o consumo de ivermectina aumentou em quase dez vezes durante a pandemia.
“O uso irracional de medicamentos é um problema de saúde pública, porém, no caso de antibióticos, antiparasitários e antifúngicos, esse problema ganha proporções maiores. Quando utilizamos de forma irracional/incorreta medicamentos, como a ivermectina, corremos o risco de induzir a resistência do parasita ao medicamento que deveria tratar a doença causada por ele”, conclui Sabrina.
*Com informações do Portal R7