Saúde

Falta da testagem em massa e isolamento dos contaminados pode aumentar pandemia

Segundo publicações científicas, até 41% da população podem estar infectados e são assintomáticos

Foto: Lindsey Wasson/Direitos reservados

O fato de o Brasil estar próximo de atingir 1,9 milhão de infectados pela covid-19 e registrar mais de 72 mil mortes, no momento de flexibilização da quarentena em quase todo o País, reforça o alerta de especialistas da área de saúde quanto ao risco da pandemia seguir um ritmo galopante se não houver uma testagem em massa para isolar os contaminados, principalmente considerando o grande número de pessoas assintomáticas que podem estar transmitindo o vírus.

“A contaminação por assintomáticos é uma realidade. Como muitas pessoas acham que não são transmissoras, pois não têm sintomas, isto pode ser um sinal verde para que assintomáticos relaxem quanto à prevenção e contribuam para que a pandemia siga em ritmo galopante, principalmente no momento em que o País está próximo de atingir 1,9 milhão contaminados e mais de 72 mil mortes”, alerta a biomédica Alexandra Reis, especialista em vírus respiratórios e Diretora Científica da Testes Moleculares. 

Ela lembra que, segundo publicações científicas, até 41% da população podem estar infectados e são assintomáticos. “Por isso é fundamental a testagem em massa, e pelo método PCR, para que seja possível identificar as pessoas portadoras do vírus e isolá-las, pois esta é a única forma do País ter um controle epidemiológico”, defende a biomédica. O método PCR, segundo Alexandra Reis, é o único que identifica quem de fato está com o vírus ativo e é potencial transmissor, e permite detectar a contaminação desde o primeiro dia, mesmo em casos assintomáticos, dependendo da carga viral. “Desta forma, é possível criar uma estratégia de isolamento efetiva e ter o controle da contaminação pelo SARS-CoV-2”. 

Contudo, o Brasil ainda testa muito pouco a sua população, comparado a outros países. Um agravante, é o de que o governo realizou apenas 20% da meta de testagem pelo método PCR, mostrando uma grande dificuldade do País em atingir a meta de testar, por esse método, 22% da população – o equivalente a 24 milhões de pessoas. Desta forma, fica comprometido o diagnóstico sobre as áreas de maior concentração de pessoas contaminadas e sobre a velocidade de expansão da infecção, impedindo, consequentemente, a implementação de estratégias eficazes de controle da pandemia.

Outra preocupação é com o surgimento de inúmeros testes atualmente no mercado, cuja eficácia é duvidosa. “Já existem outros testes de biologia molecular aplicados para o diagnóstico molecular dos Sars-CoV-2, como a PCR LAMP, porém com poucos trabalhos científicos que referenciem sua eficácia, sendo que a especificidade desses testes tem se situado, ainda, no máximo em 80%”, observa a biomédica.