Saúde

Falta de higiene bucal aumenta risco de câncer de boca, diz pesquisa

Além da falta de higiene, fumar e consumir bebidas alcoólicas também pode aumentar risco de câncer; veja o que dizem especialistas

Falta de higiene bucal aumenta risco de câncer de boca, diz pesquisa

Uma pesquisa divulgada pela revista científica Jama Oncology revelou que ignorar a higiene bucal, especialmente no período da manhã, pode aumentar em 50% as chances do desenvolvimento de um câncer de boca.

Os pesquisadores analisaram dados de quase 160 mil pessoas e identificaram 13 tipos de bactérias associadas ao câncer, especialmente em pessoas que não escovam os dentes regularmente nem fazem o uso correto do fio dental. Um aumento na pontuação de risco microbiano (criada com base em 22 bactérias), foi associado a um risco 50% maior de desenvolvimento de neoplasias.

“Quando as pessoas não fazem a correta higiene da boca, por meio de uma rotina de escovação e uso do fio dental, abrem caminho para que os restos alimentares presentes no ambiente levem a inflamações, que podem liberar substâncias nocivas à região, como as nitrosaminas, que podem aumentar o risco de câncer”, explica o cirurgião de cabeça e pescoço, Marco Homero de Sá.

Há outras recomendações para evitar o surgimento do câncer bucal, além da manutenção da higiene:

  • Não fumar
  • Evitar excessos de bebidas alcoólicas
  • Utilizar protetor labial

“Os principais sintomas do câncer de boca são o surgimento de feridas ou manchas avermelhadas, ou esbranquiçadas na cavidade bucal que não cicatrizam mais de duas semanas após o seu aparecimento. Da mesma forma que a realização de uma boa higiene bucal, manter uma rotina de visitar ao dentista também faz parte de uma estratégia de prevenção ao surgimento do câncer de boca”, orienta o especialista.

Outras doenças

Quando se fala na falta de higiene bucal, chama a atenção outra condição que é um grande desafio para os sistemas de saúde ao redor do mundo: a periodontite ou doença periodontal.

No Brasil, segundo o IBGE, 34 milhões de pessoas adultas perderam 13 ou mais dentes ao longo da vida. Outros 14 milhões vivem sem qualquer dente na boca. Os números revelam parte do impacto da doença periodontal no país, visto que a perda dentária é uma consequência dessa patologia, especialmente quando ela não é tratada.

Segundo a dentista Beatriz Coutens, especialista em odontologia hospitalar e oncológica, além da perda de dentes, a doença periodontal tem relação com um risco aumentado de complicações em outras áreas do corpo, como o coração, com o desenvolvimento da endocardite, uma inflamação na membrana que envolve o órgão, chamada de endocárdio.

“A doença periodontal se caracteriza por um acúmulo de bactérias na gengiva, ao redor dos dentes, até a formação da placa bacteriana. Esse acúmulo de bactérias pode cair na circulação sanguínea e se instalar em tecidos ou válvulas cardíacas, causando a endocardite”, explica a dentista.

Dados publicados pela revista científica BMJ indicam, ainda, que há relação entre perda dentária, periodontite e risco aumentado para o desenvolvimento de cânceres. A perda de dois ou mais dentes eleva em 42% e 33% o risco de desenvolvimento, respectivamente, de câncer de esôfago e de estômago.

Caso o paciente tenha histórico de periodontite, a perda dentária eleva ainda mais o risco de câncer esofágico, para 59%.

Carol Poleze, repórter do Folha Vitória
Carol Poleze Repórter
Repórter
Graduada em Jornalismo e mestranda em Comunicação e Territorialidades pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).