Saúde

Família doa órgãos de ente falecido e salva a vida de pessoas que aguardavam por um transplante

Após a decisão da família, a Central de Transplantes do Estado foi acionada e mobilizou as equipes para captação dos órgãos

Foto: Pixabay

A Páscoa teve um novo significado para seis pacientes que estavam na fila por um transplante no Estado. Na manhã da quarta-feira (17), a equipe de Terapia Intensiva do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra, fechou o protocolo de morte encefálica de um paciente e a corrida contra o tempo começava.

“O paciente chegou ao hospital trazido pelo SAMU com apenas um documento no bolso, ou seja, não tínhamos o contato dos familiares, o que inviabiliza a doação. O serviço social foi acionado, mas não havia tempo, para que tudo desse certo, a busca precisava ser rápida”, disse o médico Intensivista, Rafael Melo.

Em poucas horas, a assistente social referência da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Dr. Jayme começou uma busca ativa por meio do CADSUS, um sistema de cadastramento de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), e a única informação que conseguiu foi o bairro onde o paciente, possivelmente, morava.

“Pelo CADSUS, eu consegui descobrir que o paciente era de Barramares, Vila Velha, e a solução era entrar em contato com o Pronto Atendimento da Glória. Enfim, levei horas, mas nunca pensei em desistir, até que, por um milagre, consegui o telefone do irmão do paciente que me atendeu. A família veio ao hospital e puderem ainda encontrar o paciente com vida”, falou emocionada a assistente social, Rejane de Paula.

A enfermeira da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do Hospital Dr. Jayme, junto da assistente social e da equipe médica, explicaram à família o estado de saúde do paciente e fizeram a abordagem pela doação de órgãos.

“Em meio a dor daqueles irmãos, o aceite à doação foi imediato. O ‘sim’ da família vai permitir que seis pessoas recuperem suas esperanças e suas vidas. O nosso trabalho é contra o tempo”, explicou a enfermeira da CIHDOTT do Hospital Dr. Jayme Ellen Costa.

Após a decisão da família, a Central de Transplantes do Estado foi acionada e mobilizou as equipes para captação dos órgãos. As cirurgias tiveram início, na manhã da quinta-feira (18), no Centro Cirúrgico do Hospital Jayme Santos Neves e contaram com a participação de um cirurgião cardíaco, de uma cirurgiã do aparelho digestivo, dois médicos residentes e duas enfermeiras do Centro de Transplantes do Hospital Meridional que, junto da equipe do Hospital Jayme, dois anestesistas, três técnicos de enfermagem e um enfermeiro concluíram a retirada do coração, fígado e rins. Em seguida, a equipe do Banco de Olhos entrou em sala para fazer a retirada das córneas.

As cirurgias de captação no Hospital Dr. Jayme foram finalizadas por volta das 16 horas e os pacientes receptores desses órgãos já aguardavam dentro no Centro Cirúrgico do Hospital Meridional para os transplantes.

“As captações foram um sucesso. Agora precisamos correr contra o tempo para fazer o transplante desses órgãos. Hoje, seis pacientes terão uma nova chance graças a essa família que demonstrou que o amor é o bem maior do ser humano”, disse o cirurgião cardíaco, Heber Souza Melo Silva.