Lidar com o desconhecido ainda é um desafio para o ser humano. O psicoterapeuta Sigmund Freud definiu o luto como um conjunto de reações psicológicas, conscientes ou não, que o indivíduo vivencia após enfrentar uma perda. Todo sofrimento pode levar a distúrbios psicológicos e os casos mais comuns são transtornos de ansiedade — como síndrome do pânico e transtorno obsessivo-compulsivo — , transtornos de humor, depressão, transtorno bipolar e alguns de ordem cognitiva, como os lapsos de memória e dificuldade de concentração.
Mas o que é o luto?
A psicologia entende que o luto é um processo imprescindível e não se trata apenas de superação ou esquecimento, mas de readaptação a uma nova realidade. “Quando a morte ocorre de forma trágica e repentina, tende a causar inúmeras alterações na vida de uma pessoa, acarretando, muitas vezes, prejuízos e alterações, principalmente no funcionamento emocional e cognitivo”, explica a psicóloga Carolini Monte Cavallini.
Um processo adequado de luto varia de seis meses a dois anos. Entretanto, a partir do sexto mês, já é possível verificar se existem sintomas de depressão. Se possível, os processos de luto devem ser acompanhados por profissionais da saúde. Nunca é demais lembrar que um psicólogo ou um profissional da saúde irá priorizar o acolhimento e a escuta do paciente. No entanto, assim que possível, o tratamento evolui com estratégias como automonitoramento, treino de habilidades sociais, estratégias de enfrentamento e reestruturação cognitiva.
Ajude as crianças
No caso do tratamento de crianças, as intervenções são pensadas e planejadas, podendo envolver elementos lúdicos — como desenhos, livros e filmes — e acessíveis a cada etapa do desenvolvimento infantil.
Fases do luto
Para a psicologia, o luto não está ligado diretamente à morte, mas sim a qualquer ruptura emocional de um vínculo forte, seja a perda de alguém querido, um divórcio ou um amigo que foi morar longe. As fases do luto são divididas em seis. Conheça:
Negação: Nessa fase, a pessoa não acredita que está passando por isso. É como se fosse um pesadelo, do qual ela quer acordar e encontrar tudo como antes. Um estado de choque, onde a ficha ainda não caiu, tenta fugir da realidade.
Raiva: A pessoa tem muita raiva da situação, não aceita e a dor da perda gera a busca por explicações, a fim de encontrar respostas sobre o porquê. Sentimentos de injustiça e de culpa surgem e, com ele, a ideia de que foi um castigo.
Barganha: A pessoa começa a fazer acordos consigo mesmo para poder sair daquela situação de dor e amenizar o problema. Muda comportamentos e busca ser uma pessoa melhor. Surge de novo a confiança e a esperança.
Depressão: A pessoa se tranca em seu mundo interno. Uma grande tristeza se abate, perde a vontade de fazer as coisas que fazia antes. Um sentimento de impotência, como se o mundo tivesse perdido o sentido.
Aceitação: A pessoa começa a se acostumar a viver sem o ente querido, aceitando a realidade. Frases de conforto do tipo “foi melhor assim do que viver aqui sofrendo” passam a ser aceitas. Nesta fase volta a enxergar o mundo e a superar a perda.
De volta à vida: O luto é necessário para nos reorganizarmos internamente e aprendermos a conviver com essa falta, que virou apenas uma lembrança e deixou saudades. O luto é uma “luta” interna para superar a nossa impotência de não poder fazer nada contra a morte.