Lançado em 1998 e ao contrário do que algumas pessoas pensam, o citrato de sildenafil, mais conhecido como “pílula azul” e Viagra, não foi desenvolvido para o tratamento da disfunção erétil em si, mas sim para tratar a angina (dor no peito causada pela diminuição do fluxo sanguíneo) e para dilatar os vasos sanguíneos.
Com o passar do tempo, ele passou a ser utilizado contra a impotência sexual. Alguns anos depois, médicos encontraram um novo uso para a droga, desta vez, voltado para casos de hipertensão arterial pulmonar.
O remédio ganhou destaque nos últimos dias após as Forças Armadas autorizarem a compra de 35 mil comprimidos do medicamento.
Em nota divulgada na última segunda-feira (11), segundo o portal de notícias R7, a Aeronáutica afirmou que o remédio é destinado ao tratamento da Hipertensão Arterial Pulmonar e de pacientes com esclerose sistêmica que apresentam o fenômeno de Raynaud.
O uso da droga em pessoas com esse diagnóstico foi aprovado no dia 10 de maio de 2012 pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS, a Conitec.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), mais de 100 mil brasileiros sofrem com a HAP. Os casos mais comuns estão entre as mulheres: enquanto 5 são diagnosticadas, apenas 1 homem apresenta a doença. A estimativa no Brasil é de que 1 em 250 mil pessoas tenham o problema.
Vale ressaltar que o uso do sildenafil para esse fim não consta na bula disponibilizada pela farmacêutica Viatris, atual fabricante do Viagra. Ela também não recomenda o uso para tratar hipertensão arterial pulmonar, já que segundo o laboratório estudos para esse fim não foram realizados.
Tratamento para disfunção erétil surgiu a partir de efeito colateral do remédio
Segundo o cardiologista Yuri Brasil, especialista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, o direcionamento para disfunção erétil surgiu a partir de um efeito colateral do medicamento.
“A vasodilatação é um mecanismo fisiológico para poder diminuir a pressão. Então, quando conseguimos dilatar o vaso, por consequência a pressão arterial, seja pulmonar ou sistêmica, cai. Por isso é importante a vasodilatação nos pacientes que têm hipertensão pulmonar. E a sildenafila age sobre uma enzima que, quando inibida, provoca vasodilatação, e um efeito colateral disso é a melhora da disfunção erétil”, explicou o médico.
Ainda de acordo com o especialista, no caso do fenômeno de Raynaud, a dosagem recomendada da sildenafila é ainda maior que a comercializada. “Podem ser usados até 200 miligramas por dia, não é nessa dose comercial [do Viagra] de 20 miligramas. Na prática, usamos mais esse medicamento para tratar hipertensão pulmonar arterial e doenças reumatológicas”, afirma.
*Com informações do R7