Saúde

HPV: vacina nonavalente pode prevenir até 90% dos casos de câncer de colo de útero

Imunizante acabou de chegar ao Brasil. Segundo o Inca, esse é o terceiro tipo de câncer mais incidente em mulheres no país

Foto: Reprodução/Freepik – @wayhomestudio

O vírus do papiloma humano (HPV) é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo. De maneira geral, porém nem sempre, é transmitido e contraído durante relações sexuais ou contato sexual pele a pele com alguém que tem o vírus. 

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Um fato preocupante é o de que ele pode ser transmitido mesmo quando os preservativos são usados, e até mesmo em relações mutuamente monogâmicas, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). 

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), esse é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres no Brasil, com 17 mil novos casos estimados para 2023. Todos os anos, aproximadamente 30 mil brasileiros são diagnosticados com algum tipo de tumor que afeta o sistema reprodutor. Entre eles, o câncer de colo de útero, vulva, vagina, canal anal, pênis, além de boca e garganta. 

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Uma nova vacina já está disponível no Brasil e promete prevenir até 90% dos casos de câncer de colo de útero: batizada de Gardasil 9, a vacina é nonavalente. Ela protege contra os quatro genótipos já contidos no imunizante anterior (6, 11, 16 e 18) e contra cinco adicionais (31, 33, 45, 52, 58).

Estudos indicam que esses cinco novos subtipos são responsáveis por um acréscimo de 20% dos casos de câncer de colo de útero (além dos 70% causados pelos 4 subtipos contidos na vacina quadrivalente), sendo os 9 subtipos da vacina responsáveis por 85% dos casos de câncer vaginal.

Câncer de colo de útero

A mortalidade por câncer de colo de útero é uma doença altamente evitável. Por meio de exames, é possível detectar o problema no início permitindo a cura em 100% dos casos descobertos ainda na fase inicial. 

De acordo com Marcia Datz Abadi, diretora-médica da MSD Brasil, a vacinação contra o HPV é mais efetiva quando ocorre na infância, por induzir a produção de mais anticorpos e garantir a proteção contra o vírus antes do contato com o mesmo, reduzindo, também, a transmissão do vírus. 

“A vacinação de meninas e meninos contra o HPV é um avanço significativo no caminho para a erradicação do câncer de colo de útero, mas ainda é recente. Há uma geração inteira de mulheres, hoje em idade adulta, que não tiveram acesso à vacina quando adolescentes”, afirma.

No ano passado, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), recomendou aos ginecologistas a indicação da vacina contra o HPV para todas as mulheres adultas, como forma de contribuir com a meta de erradicação do câncer de colo de útero. 

“Em mulheres até 30 anos, mesmo aquelas que já trataram lesões causadas pelo HPV, estudos clínicos mostraram redução de até 80% no risco de novas lesões ou reinfecções após a vacinação. Em mulheres até 45 anos, também observamos benefícios. Sem a cobertura vacinal, essas mulheres seguem expostas ao risco de novas infecções e do desenvolvimento de lesões cancerígenas”, completa a médica.

Márcia Abadi destaca ainda que a vacinação contra o HPV, juntamente com o  rastreamento de lesões pré-cancerosas em mulheres, por meio do exame Papanicolau, pode reduzir significativamente a incidência do câncer cervical invasivo. 

“Em um país de dimensões continentais como o Brasil, onde o acesso a exames preventivos ainda é difícil fora dos grandes centros, incentivar a vacinação de meninos e meninas é nossa melhor estratégia para, no médio-longo prazo, reduzir os casos e óbitos relacionados ao câncer de colo de útero”, reforça.

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