Saúde

Quais os sinais do tumor no pâncreas, doença diagnosticada em Tony Bellotto, da banda Titãs

O músico se referiu ao diagnóstico como “tumor no pâncreas”, um termo que pode gerar confusão

Músico de 64 anos anunciou que está com um tumor
Músico de 64 anos anunciou que está com um tumor

Na segunda-feira, 3, o músico Tony Bellotto, integrante da banda Titãs, revelou em suas redes sociais que foi diagnosticado com um tumor no pâncreas durante um exame de rotina. Ele passará por uma cirurgia e fará uma pausa temporária das atividades no palco.

“Queria pedir para que vocês não sofram. Sem drama. Eu estou tranquilo, confiante e enfrentando tudo com coragem e dignidade, inspirado no querido Branco Mello (também integrante do Titãs), que passou por tratamentos difíceis e agora tá aí cantando, tocando e se divertindo nos shows”, disse Bellotto em vídeo divulgado no Instagram.

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O músico se referiu ao diagnóstico como “tumor no pâncreas”, um termo que pode gerar confusão. Isso porque o termo “tumor” abrange tanto lesões benignas, que não se espalham e não oferecem grandes riscos, quanto malignas, que têm potencial de se espalhar e afetar outros órgãos, configurando o câncer.

Apesar de Bellotto não ter mencionado se seu tumor é benigno ou maligno, o tratamento informado, que inclui cirurgia, é comumente utilizado em casos de câncer.

O que é o câncer de pâncreas?

De acordo com a Rede D’Or, o câncer de pâncreas é o terceiro mais comum entre os tumores do trato gastrointestinal. Ele pode se desenvolver na cabeça, corpo ou cauda do pâncreas e, por ser de difícil detecção, tem uma taxa de mortalidade elevada, com diagnósticos muitas vezes feitos tardiamente.

No Brasil, é responsável por cerca de 2% dos diagnósticos de câncer e 4% das mortes relacionadas à doença.

Em entrevista concedida ao Estadão no ano passado, o oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês, Túlio Pfiffer, explicou que as cirurgias desse tipo de câncer costumam retirar cerca de um terço do órgão. Dessa forma, a parte restante consegue continuar exercendo as duas funções principais: a endócrina, de produzir insulina para controlar os níveis de açúcar no sangue, e a exócrina, produzindo enzimas digestivas que ajudam a quebrar os alimentos em nutrientes.

“Às vezes, o tumor está enraizado, envolvendo os vasos de tal forma que ele fica espalhado. Nesse caso mais grave, não cabe uma cirurgia”, afirmou Pfiffer. O tratamento nessas situações pode ser feito com radioterapia ou quimioterapia.

Em estágios avançados, de acordo com o Instituto Vencer o Câncer, o câncer de pâncreas costuma se espalhar para o fígado e o peritônio (membrana que reveste os órgãos abdominais), causando acúmulo de líquido na cavidade abdominal (ascite). Também pode atingir os pulmões e a pleura, membrana que reveste a parede interna do tórax e envolve os pulmões.

Quais os sintomas mais comuns?

Dados do Inca apontam que a maioria dos casos de câncer de pâncreas afeta o lado direito do órgão, conhecido como “cabeça”. Pfiffer explicou que, quando o tumor está localizado nessa região, ele pode bloquear a vesícula biliar, impedindo que a bile, produzida pelo fígado, seja armazenada corretamente. Como resultado, a bilirrubina, uma substância presente na bile, se acumula no corpo.

Esse acúmulo pode causar sintomas como urina escura, com coloração preta ou amarronzada, e icterícia, que deixa a pele e os olhos amarelados. As fezes também podem ficar mais claras ou acinzentadas.

Além disso, de acordo com a Rede D’or, outros sintomas podem acontecer:

  • Perda de apetite e peso
  • Fraqueza
  • Diarreia
  • Tontura
  • Dor abdominal e nas costas
  • Anemia
  • Diabetes tipo 2

“Caso o paciente perceba algum desses sinais, ele precisa procurar um especialista e fazer um exame de imagem, preferencialmente uma tomografia”, enfatizou. A suspeita da doença também pode surgir a partir de outras questões, como quando o médico nota um aumento da vesícula biliar ou do fígado.

Existem também sintomas frequentemente negligenciados por serem confundidos com outras condições, como a perda de apetite, o emagrecimento e as dores, que geralmente começam nas costas e podem se irradiar para a parte frontal do corpo. Justamente por isso, a doença é considerada silenciosa pelos médicos.

“Quanto mais no início for detectada, melhor a chance de tratamento”, aconselhou Pfiffer, reforçando a importância dos exames de rotina.

Quais as causas do câncer de pâncreas?

A causa do câncer de pâncreas ainda é desconhecida, porém alguns fatores de risco podem tornar o paciente mais propenso à doença, como o tabagismo, a obesidade, a diabete tipo 2 (pode tanto ser causada pelo câncer como pode potencializar o risco de desenvolvimento) e a pancreatite crônica.

“A exposição a solventes, tetracloroetileno, estireno, cloreto de vinila, epicloridrina, HPA e agrotóxicos apresentam associações com a doença gerando uma alteração no DNA das células pancreáticas, provocando o crescimento de células anormais, podendo se formar o câncer”, explica a Rede D’or.

Também a doença pode surgir por outros fatores que causam risco por conta da idade, gênero, raça, histórico familiar e síndromes genéticas hereditárias.

*Com informações do Estadão