Considerado pelo Ministério da Saúde (MS) como um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo, os jogos e o vício em apostas podem gerar consequências à saúde mental. Somente em 2024, o MS teve um investimento ampliado em saúde mental no Brasil em torno de 4,7 bilhões com repasse de 584,2 mil para o Espírito Santo.
A dicotomia entre a realidade e o mundo virtual pode alterar as percepções das pessoas, principalmente, com os jogos on-line. Segundo a psicóloga Claudia de Oliveira, que atua no Hospital Estadual de Atenção Clínica, os jogos on-line, principalmente os interativos, cada vez mais populares entre os jovens, representam um significativo meio de entretenimento e interação. “Esses jogos, quando consumidos de maneira adequada (conteúdo, tempo de exposição e ambiente de jogo) podem contribuir para o desenvolvimento de funções e habilidades cognitivas e sociais.” diz a profissional.
Entretanto, ela acrescenta que, “deve-se ter uma atenção redobrada em relação aos jogos de apostas e considerar os riscos e danos tanto à saúde mental quanto financeira que estes acarretam, tendo em vista que a configuração destes já propicia a repetição do comportamento de jogar”. Ela frisa ainda que, adolescentes não devem ser expostos a estes jogos.
Dessa forma, a Secretaria da Saúde (Sesa) orienta para que familiares e amigos fiquem atentos às mudanças de comportamentos daqueles que os cercam e que fazem uso de jogos de azar.
Ao perceberem as mudanças comportamentais, como agitação, nervosismo, falta de interesse em outras atividades e, no caso das apostas on-line, as perdas financeiras, busquem ajuda no Centro de Atenção Psicossocial mais próximo. Neste espaço, o paciente passará por uma avaliação com especialista em saúde mental para verificar se há outras condições psiquiátricas associadas para então dar início ao tratamento.
Segundo dados da Sesa, do primeiro quadrimestre de 2024, 23,1 milhões foram investidos em atenção básica e 1,1 bilhão em assistência ambulatorial e hospitalar.
Atualmente, o Estado conta com 43 Centros de Atenção Psicossociais (Caps) e 18 leitos de saúde mental em hospitais gerais. Segundo o médico psiquiatra e diretor técnico do Aube, Raphael Castiglioni, nos últimos anos houve um aumento significativo na busca por cuidados relacionados à saúde mental, refletindo uma maior conscientização da população sobre a importância do bem-estar emocional. “No Estado, tanto o setor público quanto o privado têm investido em estruturas mais acolhedoras e acessíveis, visando atender à crescente demanda. Em 2024, o Ministério da Saúde ampliou o investimento em saúde mental em 53%, totalizando R$ 4,7 bilhões em todo o País”, frisou.
Especificamente para o Espírito Santo, o Ministério da Saúde anunciou, em outubro de 2024, o repasse de R$ 584,2 mil para fortalecer a rede de atenção à saúde mental no Estado, incluindo a habilitação de novos serviços como Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Residências Terapêuticas.
Além disso, no primeiro quadrimestre de 2024, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Espírito Santo apresentou investimentos significativos na área da saúde, incluindo R$ 23.167.440,70 na atenção básica e R$ 1.118.587.105,82 na assistência hospitalar e ambulatorial. Embora esses valores não sejam exclusivos para a saúde mental, eles refletem o compromisso do Estado com a melhoria dos serviços de saúde.
Onde procurar ajuda
Atualmente, existem os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), pontos estratégicos da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), que são referência no tratamento para pessoas adultas com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros. Três deles são mantidos pela Sesa: Caps Cidade, localizado no Centro Regional de Especialidades (CRE), em Cariacica; Caps Moxuara (Cariacica); e o Caps Cachoeiro (Cachoeiro de Itapemirim). Os outros 40 Caps são geridos pelos municípios com recursos do Ministério da Saúde.
Os Caps são unidades de saúde comunitárias e acessíveis, compostas por equipes multiprofissionais que trabalham de maneira interdisciplinar. Priorizam o atendimento a pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades relacionadas ao uso de álcool e outras drogas em sua área geográfica. Esses serviços intervêm tanto em situações de crise quanto nos processos de reabilitação psicossocial.