Desde o início dos anos 90, com a primeira manifestação do Outubro Rosa nos Estados Unidos, o mundo todo tem se mobilizado em trazer cores para os meses a fim de chamar atenção das pessoas para a prevenção e cuidados com a saúde, por diversos motivos. O primeiro mês do ano, é responsável pela Campanha Janeiro Branco, que faz referência a Saúde Mental, considerada a “saúde mãe” pelos médicos.
Dessa forma, a Campanha propõe-se a fazer do mês de janeiro um mês dedicado às reflexões, às orientações e ao planejamento de ações estratégicas em prol da saúde mental nas vidas e nos ambientes em que as pessoas estejam. A psicóloga do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim, Káthia Braga explica, em entrevista, um pouco mais sobre esse assunto.
Qual o conceito da Campanha Janeiro Branco?
Káthia: O Janeiro Branco é uma campanha que tem como objetivo mobilizar a sociedade em favor da saúde mental. Sabemos que esse assunto é bastante rodeado por tabus. Porém, é necessário compreendermos o conceito de saúde mental de forma ampliada, como um estado de equilíbrio que proporciona bem-estar ao indivíduo e a sociedade como um todo. Então, o Janeiro Branco vem para colocar o tema em evidência, fazendo com que as pessoas reflitam, discutam e atualizem suas ideias sobre o que é a saúde mental de verdade.
Porque escolheu-se o primeiro mês do ano para tratar desse assunto?
Káthia: Em janeiro, as pessoas têm a sensação de um novo começo, novos planos e até um novo estilo de vida. Devido a esse clima, os criadores da campanha quiseram aproveitar para introduzir esse tema, com intuito de que as pessoas comecem o ano pensando também em sua saúde mental. É bom salientar que muitas pessoas no fim do ano entram em um estado de melancolia e o início de um novo ano é um momento em que muitas pessoas estão fragilizadas por isso. Então esta é uma boa hora para buscar ajuda profissional e começar a cuidar da mente.
Tem sido cada vez mais frequente ver fóruns, simpósios e congresso que tratem sobre prevenção de suicídio e saúde mental como um todo. Porque acha que a discussão destes assuntos está tão em alta?
K´´athia: A cada ano os casos de depressão, ansiedade, fobias e pânico têm crescido assustadoramente em todo o mundo. Isso sinaliza a nós profissionais do campo da saúde mental a importância de mostrar que as pessoas precisam começar a cuidar também de aspectos mentais e emocionais de sua vida.Infelizmente, ainda há muito preconceito em torno da saúde mental em si. A maioria das pessoas acha que psicólogo é “coisa de louco”. Isso é uma herança da cultura antiga e ultrapassada de higienização, onde se tirava tudo aquilo que incomodava na sociedade e isolava em manicômios. Assim, o “louco”, era visto como inferior às demais pessoas, sem cura e que devia ser isolado para não incomodar os “saudáveis”, ou seja, a sociedade.
Com passar dos tempos o tratamento da chamada “loucura” teve melhorias e hoje já há a compreensão que o psicólogo cuida da saúde mental, da nossa parte emocional, um lado que todos nós temos. Buscar ajuda psicológica não significa perder o controle de sua vida. Pelo contrário, significa manter-se no controle, compreender que aquela situação te fragiliza e você está em busca por formas de lidar com isso.
A cor branca para classificar o mês durante a discussão sobre a saúde mental tem algum significado especial?
Káthia: Ela representa um quadro ou uma folha de papel em branco, sendo assim poderemos escrever ou desenhar uma nova história da saúde mental, sem os tabus e preconceitos que a cercam.
Quais as dicas fundamentais para quem quer ficar em dia com sua saúde mental?
Káthia: Durma bem: uma boa noite de sono é o primeiro passo para você ser mais produtivo.
– Faça caminhadas: uma boa caminhada mantém o coração no ritmo certo e ainda representa uma oportunidade para um refresh mental. Essa pausa pode despertar a criatividade e contribuir diretamente para o desempenho profissional.
– Explore a sua cidade: já que você vai andar, por que não unir o útil ao agradável? Aproveite a oportunidade para conhecer melhor a cidade e se sentir parte dela. Procure saber mais sobre lugares bacanas para comer algo diferente ou encontrar uma referência cultural desconhecida.
– Tire uma soneca: pode ser algo bem rápido, de 10 a 20 minutos.
– Tenha encontros com você mesmo: A ideia é ter um tempo só seu para fazer algo que lhe dá prazer e satisfação.
– Dê bastante risada: pode parecer bobagem, mas dar boas gargalhadas tem um efeito muito benéfico sobre a nossa saúde mental.
– Renove a sua dieta: melhorar a alimentação é mais simples do que parece. Não é preciso fazer mudanças radicais logo de cara, pois a privação excessiva pode fazer tudo voltar à estaca zero. Procure evoluir aos poucos com cortes estratégicos em alimentos que não fazem bem e adições pontuais.
– Esteja aberto a novas experiências: não tenha medo de mudanças, elas podem representar uma evolução na sua vida.
– Aprenda a dizer “não”: em geral, as pessoas aceitam condições que não as agradam pelos mais diferentes motivos. Dizer “não” é bastante valioso. Pode ajudar você e a empresa a deixar de lado o caminho mais óbvio, por exemplo. Muitas vezes o passo à frente está justamente no trajeto mais inovador.
– Saia da zona de conforto: a rotina, por essência, pressupõe a repetição dia após dia. Uma das melhores formas de fugir disso é tomar atitudes que fogem ao padrão.
Informações disponibilizadas pelo HECI