Saúde

Jovem faz vaquinha para operar câncer raro na face; médico explica

Os sarcomas são raros, sendo tumores malignos dos tecidos de sustentação das células, chamados de tecidos conectivos ou conjuntivos

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Dannilo Soares Pereira antes do câncer: ele faz vaquinha eletrônica para custear tratamento 

Nascido no município de Resende, no Estado do Rio de Janeiro, mas morador do Espírito Santo há mais de 15 anos, Dannilo Soares Pereira enfrenta um câncer raro na cabeça. 

Inicialmente o tumor foi diagnosticado como benigno, no entanto, após remoção, três meses depois, houve o retorno mais agressivo, que cresceu rapidamente.

O irmão dele, Daniel Soares Pereira, é quem conta esta história, que agora precisa de grande arrecadação de recursos para levar à cura de Dannilo. A luta começou lá no final de 2020.

“No fim de 2020, ele sentiu a formação de um caroço na região do maxilar e, ao procurar os médicos, foram feitos exames de imagens, que, junto com a biópsia, indicaram a existência de um tumor benigno (osteocondroma), o qual foi removido por meio de cirurgia. No entanto, três meses depois, o tumor voltou, crescendo rapidamente. Então foi feita a segunda cirurgia, e, somente após uma nova biópsia, é que o resultado deu positivo para um tumor maligno”, contou.

A grande questão, segundo Daniel, foi que o atraso no diagnóstico prejudicou o recebimento do tratamento adequado de um tumor maligno. Então, somente após a segunda cirurgia, Dannilo foi diagnosticado com “condrossarcoma periostal”.

“Dessa vez, sabendo que era um tumor maligno, ele receberia todo tratamento adequado. Porém, infelizmente, quando se iniciou o processo para a terceira cirurgia, com tratamento adequado para um câncer, para que o tumor não voltasse, já não era mais possível realizar o procedimento. O tumor voltou a crescer em proximidade à artéria carótida e a cirurgia causaria um grande risco de acidente vascular cerebral (AVC). Só que nesse tipo de câncer (ósseo), a única forma de remover o tumor é mesmo por meio cirúrgico”, acrescentou o irmão.

Dannilo e a família chegaram a buscar a opinião de diversos médicos, na esperança de encontrar alternativas para a cura, mas todos descartaram a cirurgia devido ao alto risco. Diante dessa situação, restou a tentativa pelo tratamento de quimioterapia, que, como esperado para esse tipo de câncer, não obteve os resultados desejados.

“Como não havia mais o que fazer, iniciamos o tratamento paliativo para controle da dor somente com morfina e outros analgésicos. A esperança por uma cura médica havia acabado, porém, a fé que Deus daria uma saída não”, pontuou. 

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

A família compartilhou a história com os membros da igreja que frequentam e tomou conhecimento de uma história semelhante a do rapaz. 

Yara Rohsner, parente de um dos membros, tinha câncer no estômago. Ela não obteve sucesso com o tratamento no Brasil, mas conseguiu realizar uma cirurgia de remoção do tumor nos Estados Unidos, obtendo êxito, com uma chance reduzida de recidiva (retorno).

O tratamento dela foi realizado no hospital Atrium Health, em Charlotte, no Estado norte-americano da Carolina do Norte. 

No entanto, o custo do tratamento foi muito elevado, assim como as despesas de viagem. Com a esperança de encontrar uma alternativa para o câncer, foi iniciada uma campanha de arrecadação de fundos para possibilitar o tratamento de Yara, a qual foi bem-sucedida.

“Conhecendo essa história, Dannilo decidiu trilhar os mesmos caminhos de Yara em busca da cura. Os médicos do hospital Atrium Health analisaram o caso de Dannilo e concordaram em realizar as cirurgias necessárias. Disseram que havia, sim, chances de remoção do tumor”, disse. 

Inicialmente, o custo estimado era de 500 mil dólares, equivalente a mais de R$2 milhões. Entretanto, após vários meses de troca de e-mails com o representante do hospital, foi informado que o valor seria reduzido pela metade, ou seja, 250 mil dólares, com ajuda de instituições de caridade.

Diante disso, o foco agora está na arrecadação de recursos financeiros no valor de R$ 1,5 milhão para viabilizar o tratamento no hospital Atrium Health, bem como as despesas de viagem de Dannilo e seu irmão Davi, que o acompanhará durante o processo.

Confira meios de ajudar:

Vaquinha online
– Chave Pix: [email protected]
Instagram

Especialista explica tipo raro de câncer

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Segundo o médico oncologista Fernando Zamprogno, os sarcomas são raros, sendo tumores malignos dos tecidos de sustentação das células, chamados de tecidos conectivos ou conjuntivos.

Existem vários subtipos, sendo que o condrossarcoma é um sarcoma das células formadoras de cartilagem dos ossos. “É muito raro, não há um tratamento padronizado de quimioterapia, pela raridade dele, que corresponde a cerca de 0,2% de todas as neoplasias, mundialmente falando”, disse o especialista.

O médico ainda esclareceu que o custo do tratamento tem que ser avaliado pela topografia da lesão.

“A lesão do rapaz é de face, local em que existem estruturas muito nobres do ponto de vista neurológico, uma série de nervos passam por ali, articulação da mandíbula, musculatura, glândulas, vasos sanguíneos. Então é uma cirurgia extremamente delicada e demorada, e que poucos centros no mundo são capazes de realizar com maestria. No Brasil há profissionais capazes, em São Paulo, por exemplo”, afirmou.

Segundo ele, é possível tratar o caso no país com um cirurgião de cabeça e pescoço, altamente treinado em grandes centros.

 “O custo no Brasil não é tão alto quanto o americano. O que é importante dizer é que esses pacientes precisam prioritariamente realizar a cirurgia para retirada do tumor e avaliar quimioterapia e radioterapia na sequência”, finalizou.

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