Saúde

Jovens podem ter problema no coração por consumo excessivo de cafeína e álcool

No Brasil, o desconhecimento da doença pela população também contribui para o diagnóstico tardio e, consequentemente, para a falta de tratamento adequado

Foto: divulgação/freepik

O consumo desregrado de cafeína e álcool aumenta as possibilidades do desenvolvimento da chamada fibrilação atrial em jovens adultos e adolescentes. A fibrilação atrial (FA), é o tipo de arritmia cardíaca mais comum do mundo, mas é mais comum é idosos. 

A fibrilação atrial (FA) leva o coração a bater em um ritmo irregular e descompassado que pode aumentar em cinco vezes o risco de acidente vascular cerebral (AVC). Apesar de ser mais comum em pessoas na faixa dos 65 aos 85 anos, adolescentes e jovens adultos estão sendo acometidos pela FA, principalmente por maus hábitos. 

A cafeína se tornou uma das substâncias psicoativas mais populares entre esse grupo de idade mais novo e pode ser encontrada em grande quantidade nas bebidas energéticas, em folhas de chás, grãos de café e cacau.  “Pode estimular o sistema nervoso central e periférico por meio de uma propriedade dopaminérgica, também conhecida como neurotransmissora do prazer. Por isso, é uma relação preocupante. Esse consumo pode proporcionar uma euforia momentânea, mas que dependendo da quantidade e frequência, pode aumentar o risco de doenças “, enfatiza o cardiologista Dr. Marcelo Goulart Paiva.

O especialista ainda explica outros fatores que podem desenvolver o FA nessa faixa etária. “A FA em jovens também está relacionada a ingestão de bebidas alcoólicas, principalmente durante os finais de semana, é o que chamamos de ‘fibrilação atrial do feriado’. Outro ponto é a obesidade, pois ela está associada com um aumento de gordura epicárdica, que é um depósito de gordura visceral, localizado entre o coração e o pericárdio, com potencial implicação na saúde cardiovascular. A idade, problemas cardíacos, hipertensão, doenças crônicas – diabetes, insuficiência renal ou doença pulmonar – e histórico familiar também podem estar relacionados ao desenvolvimento da doença”. 

Cenário brasileiro

No Brasil, o desconhecimento da doença pela população também contribui para o diagnóstico tardio e, consequentemente, para a falta de tratamento adequado. De acordo com a pesquisa “A Percepção do Brasileiro sobre Doenças Cardiovasculares”, 66% das pessoas entrevistadas conhecem as doenças cardiovasculares, como o AVC. Porém, 63% nunca ouviram falar sobre a fibrilação atrial, doença cujo tratamento é essencial para reduzir o risco de AVC isquêmico e suas possíveis sequelas.

Prevenção

Para prevenir a doença, seja ela em jovens ou idosos, uma recomendação muito importante está relacionada à mudança de estilo de vida. É necessário controlar a hipertensão arterial e os níveis de colesterol, tratar outras doenças cardíacas, fazer uma reeducação alimentar, evitar o consumo exagerado de cafeína, praticar atividades física frequentemente, interromper o tabagismo e restringir o consumo de álcool.

Tratamento

“Basicamente, o tratamento age em três frentes: reverter a FA, controlar a frequência cardíaca e impedir a formação de coágulos dentro dos átrios. E parte deste tratamento consiste no uso de medicamentos para “afinar” o sangue – os chamados “anticoagulantes, responsáveis por reduzir o risco de AVC”, finaliza o Dr. Marcelo”.

Muitos dos AVCs relacionados à FA podem ser evitados com medicação anticoagulante adequada. O etexilato de dabigatrana, por exemplo, é um inibidor direto da trombina (DTI), enzima-chave da coagulação, usado tanto para prevenção como para o tratamento de doenças tromboembólicas agudas e crônicas.