Lidar com o desconhecido ainda é um desafio para o ser humano. O psicoterapeuta, Sigmund Freud definiu o luto como um conjunto de reações psicológicas, conscientes ou não, que o indivíduo vivencia após enfrentar uma perda. Consolar quem está em luto não é fácil, e, segundo especialistas muitos erros ocorrem quando alguém tenta ser consolo.
O ex-governador do Espírito Santo e ex-senador pelo estado por três mandatos, Gerson Camata morreu vítima de tiros na tarde desta quarta-feira (26), na Praia do Canto. Nas redes sociais, muitos representantes políticos e amigos próximos, já começaram a prestar suas homenagens a Gerson Camata e palavras de conforto a família.
Contudo, os psicólogos alertam para as mensagens que podem não ser interpretadas de forma positiva e podem, até mesmo, piorar a situação. Carolini Monte Cavallini, psicóloga da Clínica Vivere explica que o luto é um processo imprescindível e não se trata apenas de superação ou esquecimento, mas de readaptação a uma nova realidade. “Quando a morte ocorre de forma trágica e repentina, tende a causar inúmeras modificações na vida de uma pessoa, acarretando, muitas vezes, prejuízos e alterações, principalmente, no funcionamento emocional e cognitivo”.
Cinco coisas para não dizer a alguém de luto
1 – “Você só fala nisto, está na hora de falar de outra coisa, bola pra frente!”.
Pessoas em luto são repetitivas sim, e isto é normal, aceitável e você precisa ter paciência com isto. Elas irão dizer inúmeras vezes o quanto sentem falta de quem partiu, ou contar a mesma história engraçada da infância que você não aguenta mais ouvir. Pode ter certeza de que a dor que ela está sentindo é infinitamente maior do que o seu incômodo por ouvir a mesma coisa repetidamente. Ela precisa disto, você também poderá precisar um dia. Seja paciente.
2 – “O meu caso foi pior, porque …”.
Nunca compare dor e, principalmente, tente diminuir a dor da pessoa. É de extremo mau gosto querer mostrar que você é mais sofrido do que ela, que você já passou por coisas piores. Cada pessoa vive a sua intensidade de dor. Para quem nunca perdeu um esposo, avó, irmão ou tia, perder um cachorro é uma dor tremenda. É o que ela está sentindo e só ela sabe da dor dela e de sua intensidade. Respeite isto.
3 – “O problema é que te falta fé, deixe-me falar sobre…”
Se você acredita que a sua religião tem explicações e respostas que podem ajudar neste momento, é a sua crença! Mas, se vocês não compartilham da mesma fé, usar este momento de dor para falar de sua religião pode soar oportunista e desrespeitoso. Algumas pessoas chegam a ser irritantes, forçando a orar ou rezar com quem não quer e se sente desconfortável com isto. Ou querendo dizer que tem “um recado da pessoa que faleceu”, enquanto o enlutado não acredita ou tem até medo de espíritos. Por mais que você acredite e ache bom, é muito importante ter cuidado, pois algumas pessoas se sentem muito ofendidas com isto.
4 – Nunca diga “Já está na hora de você…”
Não queira determinar o que a pessoa deve fazer e, principalmente, forçando-a a tomar decisões que ela pode ainda não estar preparada. Cada pessoa tem um tempo. Alguns irão se desfazer das roupas do falecido na mesma semana, outros irão levar um ano ou mais. Uns irão tirar as alianças no mesmo dia, outros irão ficar com ela por anos. Não existe tempo certo, não existe regra e não existem fases para se ir ticando. Cada pessoa reage de uma forma, com um tempo, e é preciso respeitar isto.
5 – “Nossa, está muito cedo pra você…”
Percebe a confusão que isto cria na cabeça de um enlutado? Uma pessoa diz para ele “já está na hora de você doar as roupas do falecido” daí ele toma coragem para doar, nisto chega outra pessoa e diz “mas já? Nossa, não tinha respeito mesmo pelo falecido, já quer se ver livre dele…”. O que é cedo para você, pode ser tarde para outro, logo, sua opinião sobre o tempo das atitudes do enlutado não interessa. Deixe-o decidir e fazer como quiser e no tempo que quiser. E se alguma atitude dele te surpreender, guarde para você! Quem está de fora apenas assistindo tem a impressão de que certas decisões são simples, mas de fato, são um enorme desafio, e a pior coisa que pode ter é quando finalmente se tem coragem de tomar uma ação dolorosa, alguém vir e dizer que está cedo demais.
Ajuda profissional é recomendada para superar o luto
Nunca é demais lembrar que um psicólogo ou um profissional da saúde irá priorizar o acolhimento e a escuta do paciente, no entanto, assim que possível, o tratamento evolui com estratégias como automonitoramento, treino de habilidades sociais, estratégias de enfrentamento e reestruturação cognitiva. No caso do tratamento de crianças, as intervenções são pensadas e planejadas, podendo envolver elementos lúdicos como desenhos, livros, filmes, e acessíveis a cada etapa do desenvolvimento infantil.
Com informações da Floricultura Cemitério (SP)