Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) estão desenvolvendo um método para reabilitar as funções cognitivas em pacientes com traumatismo cranioencefálico grave, vítimas de acidentes ou violência. A terapia consiste na aplicação de laser, emitido por diodos instalados em um capacete, para promover a recuperação do tecido cerebral.
Diferentes terapias com uso de luz, reunidas sob o termo fotobiomodulação, já vêm sendo aplicadas para problemas diversos de saúde – de lesões ortopédicas e fibromialgia a Alzheimer e depressão -, qualquer doença em que se deseja promover ou inibir certas funções celulares, ou seja, modular estas funções. No caso do traumatismo, o objetivo é estimular a regeneração de neurônios lesionados.
Diodos emissores de luz (LED, na sigla em inglês) são capazes de penetrar no couro cabeludo e no crânio e têm potencial de melhorar a atividade celular do tecido cerebral comprometido.
Até o momento, a terapia tem sido adotada apenas na recuperação em fase crônica de pacientes, isto é, meses após a ocorrência. “Nosso estudo parte das primeiras experiências com a técnica iniciadas por Margaret Naeser, em Boston. Ela começou a fazer o tratamento para traumas leves na fase tardia, seis meses após o trauma, para tentar melhorar a funcionalidade dos pacientes, e teve bons resultados. Então pensamos em testar como seria na fase aguda e em casos graves”, conta o médico neurocirurgião, João Gustavo R. P. dos Santos, pesquisador da FMUSP.
Assim, o estudo analisará pacientes que sofreram um trauma grave que sejam admitidos em até 8 horas após o acidente. “Essa admissão hospitalar poucas horas após o trauma diminui o acontecimento de eventos que poderiam confundir os resultados”, explica o médico.
Além disso, os pacientes incluídos no estudo devem apresentar sintomas de lesão axonal difusa, que consiste em danos aos axônios do neurônio no interior da bainha de mielina (ver imagem), resultando em uma degeneração grave da substância branca do cérebro. Isso porque os axônios, que constituem a substância branca, são as vias de transmissão dos impulsos nervosos entre os neurônios.
*Com informações da USP