Saúde

Mais de 1,2 mil pessoas aguardam na fila para receber doação de órgãos no Espírito Santo

Mais da metade dos transplantes feitos em 2019 no Espírito Santo foram de córneas

Foto: Divulgação/Sesa

Na próxima sexta-feira (27) é comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, data para conscientizar a população sobre a importância dessa atitude. No Espírito Santo, entre os meses de janeiro e agosto deste ano, 335 transplantes foram realizados. Atualmente, a fila tem mais de 1,2 mil pessoas aguardando por um órgão. 

Há quatro meses, Adenilson Márquez ganhou a oportunidade de recomeçar. E a cada novo instante de vida que experimenta, sente mais necessidade de agradecer. “Tenho vontade de fazer novos planos para minha vida. Estava muito estático, e hoje, posso ver minha família com mais ânimo”, afirmou.

Adenilson é transplantado, tendo recebido um fígado em maio após um ano na fila de espera pela doação. Desde 2016 ele tratava um problema de saúde que acabou evoluindo para uma cirrose. A doença comprometeu totalmente o funcionamento do órgão. “Quando eu precisei de um órgão, vi a necessidade de se doar e salvar vidas”.

Na tarde desta quarta-feira (25), foi acompanhado do filho ao hospital em Cariacica onde esteve internado por 45 dias, antes de passar pelo procedimento cirúrgico. Hoje, a disposição de Adenilson é tanta, que fica até difícil acompanhá-lo. “Papai coloca a gente no ‘chinelo’ agora, né? Como ele disse, sentia um cansaço muito grande e ficava estagnado. Agora, está com o fígado mais novo que o meu (risos)”, conta o filho de Adenilson, Lenilson Márquez.

Mais da metade dos transplantes feitos em 2019 no Espírito Santo foram de córneas, precisamente 170. Na sequência, vem o rim com 70 transplantes. Esse é o órgão que concentra a maior demanda no estado. Hoje, 952 capixabas dependem de uma doação para continuarem vivendo. Doenças como diabetes e hipertensão sem o controle adequado podem levar o paciente a precisar de um transplante.

“Hoje a gente tem o transplante renal, maior parte hoje por conta da manutenção desses pacientes. Alguns ficam anos na fila esperando e infelizmente não conseguimos zerar, o que seria nosso desejo”, disse o médico Marcus Leitão.

O subsecretário de saúde do Estado, Tadeu Marino, também marcou presença no encontro de transplantados e contou um pouco da própria experiência. Em 1982, o médico descobriu uma doença congênita que afetava os rins. Por 28 anos, usou medicação contínua para tratar o quadro, mas, em 2010, precisou recorrer a hemodiálise. Mesmo assim, a função renal foi perdida.

“A esperança sempre é de acreditar o que o dia ia chegar. Isso aconteceu em 2014, quando recebi a notícia de que faria o transplante. Uma família maravilhosa fez um ato de doação, de amor”, revelou.

Um hospital particular em Cariacica é o maior transplantador de órgãos do estado, com 1.147 procedimentos já realizados. De acordo com dados da Central de Transplantes do Espírito Santo, a recusa familiar é o principal obstáculo enfrentado. Nos oito primeiros meses de 2019, de um total de 86 famílias de pacientes doadores em potencial entrevistadas, 47 recusaram a doação.

Para a Gislaine Biazatti, que é doadora de órgãos e cirurgiã vascular, a principal forma de concluir o desafio de diminuir as filas de espera por órgãos é uma só: a informação.

“Muitas vezes a gente não consegue esses órgãos por conta da família, porque não tinha um desejo do paciente dito, registrado. Então, quanto mais a gente deixar isso registrado, da importância de ser um doador, milhões de vida vão ser salvas”.

Com informações da repórter Renata Zacaroni, da TV Vitória/ Record TV!