Saúde

Mais um passo nos estudos sobre as areias monazíticas da Praia de Meaípe em Guarapari

Um workshop, previsto para maio de 2019, pretende trazer dados preliminares da pesquisa composta por diversas frentes científicas.

Foto: Hamilton Garcia
Os pesquisadores Prof. Dr. Marcos Tadeu D’Azeredo Orlando (Ufes) e Prof. PhD Jacyra Soares (USP) apresentaram informações sobre a pesquisa. 

No último sábado (01), os pesquisadores Prof. Dr. Marcos Tadeu D’Azeredo Orlando e Prof. PhD Jacyra Soares estiveram em Meaípe para um evento com o objetivo de tratar sobre os rumos e o andamento da pesquisa sobre as areias monazíticas locais, que começou em agosto com a instalação de equipamentos de monitoramento em três pontos da orla.

O professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), doutor em física nuclear e coordenador da pesquisa, informou que em maio de 2019 será possível apresentar dados preliminares das diversas frentes científicas que compõem a pesquisa como saúde, engenharia, física nuclear, oceanografia física, matemática e meteorologia, por exemplo. “Será um apresentação interdisciplinar, com oportunidade para troca de informações e divulgação do que descobrirmos. Além dos equipamentos de ponta da professora Jacyra, a equipe da Ufes desenvolveu para esse trabalho sensores de radiação mais sensíveis. Hoje, já podemos afirmar que essa radiação da areia monazítica aqui não é maléfica, os benefícios é o que vamos confirmar”, explicou.

Foto: Hamilton Garcia
As pesquisas podem indicar o turismo de saúde como uma importante vertente a ser trabalhada. Na foto, o empresário Nhozinho Matos e o Prof. Dr. Marcos Tadeu.

O coordenador contou que os dados obtidos a partir de um equipamento instalado em um restaurante à beira mar comprovaram uma radiação natural baixa e benéfica chega ao interior do estabelecimento, e que, a partir de agora, estão dando mais um passo com outro novo equipamento que fará o monitoramento dia a dia com informações on-line. “Essa é uma notícia excelente, há anos a gente vem lutando por isso. Estamos comprovando que Meaípe tem o potencial das areias monazíticas e eu tenho esperança que na hora que sair os resultados poderemos chamar Meaípe de ‘península da saúde’”, declarou Nhozinho Matos, empresário.

Já se sabe que a incidência da areia monazítica que ocorre tanto em Meaípe quanto na Praia da Areia Preta é algo singular. Outra novidade recentes foi a identificação da presença do raríssimo elemento químico cério, de alto custo e também benéfico. Ainda Segundo Marcos Tadeu, em Meaípe foram oferecidas as condições ideais para a instalação dos equipamentos fundamentais para a pesquisa, com a garantia de segurança, Internet e energia. “Os materiais são sensíveis e de alto custo. Nós, pesquisadores, respondemos por cada equipamento desses. Aqui, recebemos o total apoio da comunidade e a parceria de empresários locais, além de uma verba vinda da iniciativa privada a partir da ArcelorMittal”.

Foto: Divulgação
Praia de Meaípe – outubro/2018. 

De acordo com a professora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), no que tange as variáveis atmosféricas, foco da pesquisa dela, é necessário, ao menos, um ano de dados para uma avaliação. “Estamos medindo questões atmosféricas, temperatura, umidade, vento, CO2, fluxo de água, fluxo de calor e temperatura do solo e mais uma série de aspectos na tentativa de correlacionar isso aos níveis de radiação das areias monazíticas. Mas estamos muito otimistas”, completou.

Para Jacyra Soares, outro aspecto local chamou a atenção e será objeto de estudo. A pequena ou, em alguns momentos, inexistente faixa de areia da Praia de Meaípe. “Podemos garantir com quase certeza absoluta que essa não foi uma consequência de fenômeno natural, a probabilidade que seja da intervenção humana. O importante de descobrir a razão é que, mesmo que não se possa voltar atrás, teremos a chance de interromper”.