No último sábado (01), os pesquisadores Prof. Dr. Marcos Tadeu D’Azeredo Orlando e Prof. PhD Jacyra Soares estiveram em Meaípe para um evento com o objetivo de tratar sobre os rumos e o andamento da pesquisa sobre as areias monazíticas locais, que começou em agosto com a instalação de equipamentos de monitoramento em três pontos da orla.
O professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), doutor em física nuclear e coordenador da pesquisa, informou que em maio de 2019 será possível apresentar dados preliminares das diversas frentes científicas que compõem a pesquisa como saúde, engenharia, física nuclear, oceanografia física, matemática e meteorologia, por exemplo. “Será um apresentação interdisciplinar, com oportunidade para troca de informações e divulgação do que descobrirmos. Além dos equipamentos de ponta da professora Jacyra, a equipe da Ufes desenvolveu para esse trabalho sensores de radiação mais sensíveis. Hoje, já podemos afirmar que essa radiação da areia monazítica aqui não é maléfica, os benefícios é o que vamos confirmar”, explicou.
O coordenador contou que os dados obtidos a partir de um equipamento instalado em um restaurante à beira mar comprovaram uma radiação natural baixa e benéfica chega ao interior do estabelecimento, e que, a partir de agora, estão dando mais um passo com outro novo equipamento que fará o monitoramento dia a dia com informações on-line. “Essa é uma notícia excelente, há anos a gente vem lutando por isso. Estamos comprovando que Meaípe tem o potencial das areias monazíticas e eu tenho esperança que na hora que sair os resultados poderemos chamar Meaípe de ‘península da saúde’”, declarou Nhozinho Matos, empresário.
Já se sabe que a incidência da areia monazítica que ocorre tanto em Meaípe quanto na Praia da Areia Preta é algo singular. Outra novidade recentes foi a identificação da presença do raríssimo elemento químico cério, de alto custo e também benéfico. Ainda Segundo Marcos Tadeu, em Meaípe foram oferecidas as condições ideais para a instalação dos equipamentos fundamentais para a pesquisa, com a garantia de segurança, Internet e energia. “Os materiais são sensíveis e de alto custo. Nós, pesquisadores, respondemos por cada equipamento desses. Aqui, recebemos o total apoio da comunidade e a parceria de empresários locais, além de uma verba vinda da iniciativa privada a partir da ArcelorMittal”.
De acordo com a professora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), no que tange as variáveis atmosféricas, foco da pesquisa dela, é necessário, ao menos, um ano de dados para uma avaliação. “Estamos medindo questões atmosféricas, temperatura, umidade, vento, CO2, fluxo de água, fluxo de calor e temperatura do solo e mais uma série de aspectos na tentativa de correlacionar isso aos níveis de radiação das areias monazíticas. Mas estamos muito otimistas”, completou.
Para Jacyra Soares, outro aspecto local chamou a atenção e será objeto de estudo. A pequena ou, em alguns momentos, inexistente faixa de areia da Praia de Meaípe. “Podemos garantir com quase certeza absoluta que essa não foi uma consequência de fenômeno natural, a probabilidade que seja da intervenção humana. O importante de descobrir a razão é que, mesmo que não se possa voltar atrás, teremos a chance de interromper”.