Dados de uma pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência mostram que o cigarro ilegal ainda é o principal produto apreendido no Espírito Santo, responsável por 93% das apreensões ilegais. Cerca de 66% de todos os cigarros que circulam no estado são contrabandeados do Paraguai. Entretanto, além do ato criminoso, a preocupação estende-se para o setor de saúde no estado.
De acordo com especialistas, produtos contrabandeados são vendidos com mais facilidade, geralmente por preços abaixo dos valores de mercado e sem fiscalização, o que facilita a compra da mercadoria e o acesso para menores de idade. Diante disso, o mercado ilegal acaba contribuindo para o aumento do tabagismo.
Além disso, produtos proveniente do contrabando não atendem às regularizações fitossanitárias estabelecidas pela legislação nacional e pelas autoridades brasileira, tais como Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A pesquisa do Ibope apontou ainda que, nos últimos cinco anos, a população adulta fumante no Brasil tem recorrido mais ao mercado ilegal para adquirir cigarros. Segundo o levantamento, em 2015, cerca de 37% dos fumantes compravam produtos contrabandeados. Este ano, esse grupo já é maioria, representando 56% do total de tabagistas.
Risco de câncer
Especialistas alertam que o tabagismo está na origem de 90% de todos os casos de câncer de pulmão no mundo, sendo responsável por ampliar em cerca de 20 vezes o risco de surgimento da doença.
Além disso, o hábito de fumar aumenta as chances de desenvolver ao menos outros 13 tipos de câncer: de boca (responsável por 30% das mortes), laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, intestino, rim, bexiga, colo de útero, ovário e alguns tipos de leucemia. O tabagismo também é responsável por 25% das mortes por doença do coração, 85% das mortes por bronquite e enfisema e 25% das mortes por derrame cerebral.
Fatores sociais
Não só o fumo ativo, mas o passivo também aumenta os riscos de doença. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), sete não fumantes morrem por dia em consequência do fumo passivo. O tabagismo passivo também aumenta em 30% o risco para câncer de pulmão e 24% o risco para infarto.
Onde buscar ajuda
Em Vitória, todas as 29 unidades de saúde estão aptas a combater o tabagismo em dois eixos: na prevenção, principalmente entre crianças e adolescentes da rede municipal de ensino, e no tratamento dos tabagistas, com Grupos de Apoio Terapêutico ao Tabagismo (GATT).
O modelo de tratamento ofertado aos usuários é o preconizado pelo Instituto Nacional de Câncer, que inclui a abordagem cognitivo-comportamental do fumante, com treinamento de habilidades comportamentais, visando à cessação e à prevenção da recaída. Quando há indicação, existe o tratamento medicamentoso.
O indivíduo deve passar por uma consulta de avaliação clínica antes de iniciar as sessões de abordagem. Nela, é avaliada a motivação da pessoa em deixar de fumar, seu nível de dependência física da nicotina, se há indicação ou contraindicação de uso do apoio medicamentoso, existência de comorbidades psiquiátricas e sua história clínica.