O ano era 2018 e Renata Colombo Bonadio – então com 29 anos – estava finalizando a residência médica em oncologia clínica. Foi quando recebeu a notícia que está habituada a dar aos seus pacientes: o diagnóstico de um câncer.
A médica oncologista foi diagnosticada com um linfoma – um tipo de câncer que se origina no sistema linfático e afeta o sistema imunológico.
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Ela lembra que estava se preparando para uma viagem, quando começou a sentir um sutil cansaço, dores nas costas e febre, e foi ao pronto-socorro.
A suspeita inicial era de infecção urinária, mas, após diversos exames, a médica de plantão pediu para falar com seu marido.
“Naquele exato momento, eu desconfiei que algo estava errado, porque ela pediu para falar com ele primeiro. Estou acostumada a dar notícias difíceis, mas meu chão caiu. Sendo oncologista, eu sabia que é algo que pode acontecer com qualquer um”, acrescenta.
Renata foi internada no mesmo dia para uma investigação mais detalhada, quando recebeu o diagnóstico de linfoma. Neste Dia Mundial do Câncer, celebrado dia 4 de fevereiro, a médica lembra da decisão difícil de encarar o câncer.
“Eu decidi encarar da melhor maneira possível e fazer o que precisa ser feito. A proximidade com o paciente sempre fez parte dos meus atendimentos. Mas hoje posso falar com mais propriedade sobre as emoções que eles sentem neste momento”, contou.
A vida após o diagnóstico
Acostumada a praticar atividade física, manter hábitos alimentares saudáveis e sem histórico familiar de câncer, a médica explica que embora existam fatores que aumentem o risco para o câncer, o desenvolvimento da doença, muitas vezes, não está relacionado a comportamentos específicos.
Após o diagnóstico e todo o processo de aceitação da doença, Renata passou por tratamento com quimioterapia e teve vários efeitos colaterais.
Entre eles, complicações infecciosas, gastrointestinais e perda de peso e cabelo. Surgiu também o medo da infertilidade. Poderia roubar dela o sonho de ser mãe.
Além do apoio que recebeu durante esta fase da vida da família e dos amigos, a especialista destaca também o importante papel que a atividade física teve no sucesso do seu tratamento.
“Manter o corpo em movimento é fundamental durante esse processo, tanto para a saúde física como mental”, reforça.
Hoje, passados seis anos desde o diagnóstico, Renata está sem nenhum sinal da doença. Casada, mãe da Nina, de 3 anos, e do Pedro, de 10 meses, a médica é membro do Comitê de Tumores Mamários da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
“É muito difícil receber o diagnóstico e existem muitos desafios ao longo dessa jornada, mas quem passa por este processo acaba vivendo muitas transformações. Seja na forma de encarar a vida, autocuidado ou no cuidado mesmo de outras pessoas com câncer. A gente passa a ser grato, desfrutar da vida e estar mais perto das pessoas que são especiais. Existe vida após o câncer, com toda certeza.”