Segundo especialistas, em dez anos o câncer será a principal causa de morte no Brasil. A boa notícia é que a medicina e a tecnologia têm avançado. Exames sofisticados, drogas inteligentes e procedimentos novos, tudo isso têm auxiliado no tratamento de tumores e proporcionado um cenário mais promissor aos pacientes. Um exemplo é o linfoma de Hodgkin, no qual novas opções de tratamento podem alcançar a cura em até 90% dos casos.
Um exemplo é o caso do mecânico de manutenção industrial, José Rosevaldo Júnior, que está ansioso para voltar ao trabalho depois de quatro anos tratando o linfoma de Hodgkin. Ele descobriu a doença em novembro de 2013 e passou por muitos médicos até receber o diagnóstico.
O câncer que acometeu José afeta o sistema linfático, que é a principal defesa do organismo. O mecânico passou meses indo e vindo do hospital, foram inúmeras sessões de quimioterapia e radioterapia até encerrar o ciclo. Contudo, três meses após o fim do tratamento o linfoma voltou. “Foi pior do que quando eu descobri a doença. Eu só imaginava que teria que enfrentar tudo novamente, os tratamentos, a incerteza da cura, eu teria que lutar contra tudo e não deixar a tristeza me abater emocionalmente”, contou José.
As tentativas para curar o mecânico foram inúmeras, ele passou por um transplante de medula óssea, mas não adiantou. Foi submetido a terapias convencionais, mas também não apresentou melhoras. José chegou a perder as esperanças, pensou que não iria superar a doença. Mas, a boa notícia é que o recursos não tinham se esgotado. José foi convidado a participar de um protocolo de estudos, que testa, em pacientes com reincidências de câncer, novas drogas. E desse estudo saiu a cura para o linfoma que ele combatia há tantos anos.
Novas opções
A medicação utilizada, diferente dos quimioterápicos padrão, age fortalecendo o organismo. Trata-se de um anticorpo biológico, que segundo o hematologista do Grupo Meridional, Gustavo Henrique Silveira, estimula o corpo do paciente a lutar contra o tumor reparando as células danificadas por outras formas de tratamento. “Essa droga ao invés de atacar as células do câncer, ela promove um aumento do próprio sistema imunológico”, completou.
Outro recurso foi um forte aliado para a recuperação de José e tem proporcionado melhor qualidade de vida à muitos pacientes: É a terapia alvo molecular, que ataca um antígeno presente nas células cancerígenas e diferente da quimioterapia preserva as células saudáveis.
“São drogas inteligentes que foram projetadas para atacar somente determinadas proteínas, ou determinadas vias metabólicas relacionadas ao câncer. Elas impedem que a doença consiga bloquear o sistema imunológico, tornando o mesmo mais forte e capaz de ‘matar’ o câncer”, explicou o hematologista do Grupo Meridional.
Detecção precoce de mutações
Para diagnosticar o câncer mais precocemente, a tecnologia é indispensável. O mapeamento do genoma humano é um exemplo. “Você pode fazer uma mapeamento genético procurando mutações que aumentam a propensão de ter câncer. Não quer dizer que você tendo essa mutação, você vai ter o câncer, é uma probabilidade. Um exemplo é o caso da Angelina Julie, ela tinha uma mutação que apresentava alta probabilidade de se tornar um câncer e ela optou por retirar as mamas e colocar a prótese”, relatou o médico.
Hoje, o atual desejo de José, que está curado do linfoma, é que outras pessoas possam ter a mesma sorte que ele. “Eu tive uma saída, uma alternativa de tentar e graças a Deus deu tudo certo, já se passaram dois anos. Tem pessoas na mesma situações que também precisam encontrar as saídas”, disse o mecânico.
Linfoma de Hodgkin
Segundo o último relatório do Instituto Nacional de Câncer (Inca), 2.530 pessoas foram diagnosticadas com linfoma em 2018 no país.
A doença atinge pequenos órgãos chamados linfonodos (pertencem ao sistema linfático) responsável por reproduzir e transportar as células encarregadas pela imunidade do organismo. No caso do linfoma de Hodgkin, esses linfonodos incham em partes do corpo como na virilha, pescoço e axilas, prejudicando as funções do sistema linfático. Entre os principais sintomas estão febre, cansaço, coceira pelo corpo, suor à noite e perda de peso.
Além da gravidade da doença, o tratamento (quimioterapia e radioterapia) pode deixar sequelas de infertilidade, porque afetam as células dos órgãos reprodutores, como os ovários e os testículos, tornando os pacientes inférteis. Entretanto, essa condição nem sempre é permanente e pode ser evitada.
O Jornal da TV Vitória preparou uma série de reportagens especiais sobre o câncer. Abaixo, você confere o segundo episódio da série que fala sobre como a tecnologia auxilia no diagnóstico e tratamento do câncer.