Pílula anticoncepcional, camisinha masculina e feminina, dispositivo intrauterino, espermicida, contracepção cirúrgica, contracepção hormonal injetável… são inúmeros os métodos para prevenir a gravidez indesejada atualmente. Mas, como mulheres e casais faziam no passado para evitá-la? Os métodos utilizados segundo os especialistas até possuíam “sentido”, mas ofereciam riscos à saúde.
Métodos
No Antigo Egito as mulheres recorriam as fezes de crocodilo, considerado um método muito doloroso. Elas produziam uma substância pastosa e misturavam as fezes ao leite azedo e introduziam na vagina ou na vulva. A explicação era criar uma barreira ácida que impedisse a passagem dos espermatozoides.
A ginecologista e obstetra Lorena Baldotto, comenta que realmente fezes são extremamente ácidas, mas que o método não teria eficácia comprovada. Além disso, é extremamente infecioso e deveria contaminar a população na época.
Outro método era o pessário vaginal, muito utilizado no final do século 18 e início do século 19 na Europa. O dispositivo era desconfortável e colocado no colo do útero da mulher por até quatro meses. A explicação para usar o pessário era a crença de que o objeto impediria que os embriões recém-formados se implantassem no útero e começassem a se desenvolver.
“São métodos totalmente contra-indicados, apresentam alto risco de contaminação e perfuração do órgão genital feminino”, alertou Baldotto.
No passado, também havia quem acreditava que pular para trás era uma forma segura de evitar a gravidez. O ginecologista grego Soranus, recomendou que as mulheres no século 2 pulassem para trás sete vezes e espirrassem imediatamente após o sexo para evitar a gravidez.
A ginecologista Lorena Baldotto, comenta que faz sentido, porém não resolve. “Os movimentos e o espirro ajudam a expulsar ‘coisas’ da vagina, mas a quantidade de sêmen na ejaculação costuma ser mais do que suficiente pra engravidar”.
Já durante a Revolução Inglesa (entre 1642 e 1688), o método utilizado foi um pontapé para a indústria de preservativos: os soldados do rei Carlos 1 receberam camisinhas feitas de intestinos de peixes e ovelhas para protegê-los de doenças sexualmente transmissíveis.
As camisinhas tinham de ser embebidas em água por algumas horas antes de usar para que se tornassem mais flexíveis e fáceis de colocar. Os objetos eram amarrados na base do pênis com uma corda para mantê-los no lugar e, depois de usados, eram lavados cuidadosamente, colocados para secar e guardados para a próxima vez.
Para a ginecologista Lorena Baldotto, as camisinhas de intestino de ovelha e peixe não apenas tinham sentido, como inclusive, foi por meio delas que surgiram as primeiras camisinhas na indústria. Com o tempo o material foi sendo trabalhado e aperfeiçoado.
No século 7 na China, as mulheres foram aconselhadas a beber uma tintura de metal tóxico (mercúrio) para evitar a gravidez,e pode até ter funcionado, mas essa mistura venenosa causou esterilidade e, em muitos casos, uma morte agonizante. “Ingerir mercúrio é altamente letal e tóxico, com risco de comprometimento para a saúde da mãe e má formações no bebê”, comentou a ginecologista Lorena.
A especialista ainda lembra de um método que já foi muito utilizado e, ainda é até hoje, opção para alguns casais: o coito interrompido. “Na Bíblia encontramos a história de Onã, que ao ter relações sexuais com Tamar, realizou um dos métodos contraceptivos mais antigos e mais falhos da história – a interrupção do coito, eliminando o sêmen durante a ejaculação no chão! Em razão dessa atitude foi punido severamente por Deus”.
Lorena explica que os métodos utilizados também tem aspectos culturais, muitos partem de crenças entre as pessoas. “Tem gente que ainda acredita nas simpatias e antigamente elas eram muito utilizadas. Algumas pessoas sugerem até mesmo plantas e chás para abortar. Alguns casos são ainda piores, eu mesma já tive paciente que tentou furar e manipular objetos na vagina, como velas. Uma outra mulher, colocou permanganato de potássio. Todas, são atitudes muito perigosas e desnecessárias. Hoje temos uma série de métodos eficientes, de fácil acesso e que além de prevenir a gravidez, previnem as doenças sexualmente transmissíveis, que é a camisinha. Não há mais necessidade de colocar a vida em risco”, finalizou a médica.
*Esta matéria contém algumas informações da BBC News.