Muitas pessoas, ao perceberem que perder peso se tornou mais difícil com o tempo, colocam rapidamente a culpa no metabolismo. “Antes eu comia de tudo e não engordava!”. Mas será que o metabolismo realmente desacelerou ou foi a vida que mudou?
Esse é um tema que adoro discutir com meus pacientes, pois a dúvida sobre o metabolismo é muito válida. No entanto, um estudo publicado no Journal of Science trouxe um dado surpreendente: entre os 20 e 60 anos, o metabolismo se mantém relativamente estável. Diferentemente do que muitas pessoas acreditam, o corpo não reduz significativamente o gasto diário nessa fase da vida, ou seja, não há uma “lentidão metabólica” natural.
Ué, mas se a idade não é o problema, por que emagrecer parece mais difícil depois dos vinte e poucos anos? Talvez a resposta não seja tão legal assim…
A verdadeira mudança não ocorre no metabolismo
A grande diferença entre emagrecer aos 20 anos e aos 40 não está no metabolismo, mas sim na forma como vivemos. É verdade que hormônios, genética e comorbidades podem influenciar, mas nesta discussão, o foco está apenas no metabolismo de indivíduos saudáveis.
Quando somos mais novos, nossas prioridades são diferentes. Temos mais tempo para treinar, nos movimentamos mais ao longo do dia, temos menos compromissos sociais, menos responsabilidades, menos estresse. A rotina mais leve permite maior controle sobre a alimentação e mais disposição para encaixar o treino sem tantos desafios.
Já na vida adulta, a realidade muda. O trabalho exige mais tempo e energia, os compromissos se acumulam e manter uma rotina organizada se torna um desafio maior. O cansaço muitas vezes impede o planejamento das refeições do dia seguinte, dificultando a adesão à dieta.
Chegar em casa tarde pode significar pular o treino ou escolher um delivery mais prático no lugar de cozinhar. Além disso, o tempo que antes era gasto se movimentando – como caminhando até a faculdade ou saindo para passear – agora é substituído por longas horas sentadas no trabalho ou no trânsito.
Então, sim, perder gordura pode ser mais difícil – não porque o seu corpo deixou de ser eficiente, mas porque seus hábitos mudaram.
Se o problema não é o metabolismo, qual é a solução?
Ao invés de buscar soluções milagrosas para “reativar” o metabolismo, a chave é entender sua nova realidade e ajustar hábitos de forma sustentável. Se antes a rotina favorecia um maior gasto calórico e hoje não, faz sentido que os resultados demorem mais a aparecer.
A solução não está em dietas radicais ou treinos exaustivos, mas em se adaptar e reorganizar prioridades. Ajustar a alimentação, manter uma rotina de exercícios, dormir bem e ter mais organização no dia a dia são atitudes que fazem a diferença. Pequenos ajustes já trazem grandes resultados
O metabolismo não desacelerou, mas sua vida mudou. Agora, é hora de ajustar seus hábitos para que eles trabalhem a seu favor!