Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Load Control, startup com origem na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, identifica os parâmetros para monitorar o sono de atletas, sobretudo de esportes coletivos. Uma má qualidade do sono pode levar ao acúmulo de fadiga, sonolência e alterações do estado de humor. Além disso, já foi demonstrado que atletas jovens, entre 12 e 18 anos, que dormem menos de oito horas por noite, possuem 1,7 vezes mais risco de lesão.
“O controle de carga busca atingir o ‘nível ótimo’ de desenvolvimento do atleta, melhorando seu rendimento e diminuindo o risco de lesões”, explica João Gustavo Claudino sobre o conceito que norteia o trabalho da startup que ele fundou. Para respaldar o processo de tomada de decisão dos profissionais do esporte (atletas, técnicos, preparadores físicos), a Load Control criou uma plataforma que busca transformar os dados dos esportistas em conhecimento aplicado.
Partindo de uma abordagem integral no monitoramento dos atletas, que ultrapasse o ambiente de treinamento, surgiu a necessidade de compreender a qualidade do sono. E a ausência de parâmetros específicos para o monitoramento da qualidade do sono de atletas, dentro da literatura científica foi um dos incentivos ao início da pesquisa.
Metodologia
Um total de 4083 atletas foram monitorados, majoritariamente homens (91%), com aproximadamente metade da amostra composta por jogadores de futebol (47%).
“30 instrumentos de medição foram utilizados para monitorar a qualidade do sono em atletas de esportes coletivos”, relata Claudino, que é membro do Laboratório de Biomecânica da EEFE. Entre os mais usados, estava a actigrafia, que é um método que utiliza um acelerômetro, semelhante a um relógio de pulso, e monitora continuamente os movimentos do corpo. A polissonografia (PSG), padrão ouro (método mais recomendado) da área, também foi utilizada. Além de cinco tipos de questionários e escalas. Todos os participantes eram esportistas competitivos, ou seja, definidos como profissionais, semiprofissionais, juvenis de elite ou colegiados da primeira divisão.
Por meio de uma revisão de artigos científicos selecionados sobre o tema, 10 parâmetros de qualidade do sono foram identificados: quatro inferidos pela actigrafia e outros seis por meios de questionários e escalas. Eficiência do sono, isto é, o número de minutos de sono dividido pelo número de minutos na cama; número de despertares e duração total do número de despertares são alguns desses critérios.
Higiene do sono
Para melhorar a qualidade do sono algumas estratégias podem ser tomadas. A higiene do sono consiste em hábitos simples que podem fazer uma diferença determinante.
Esses hábitos são divididos em quatro campos pela Load Control: ambiente, alimentação, organização e disciplina. Entre eles destacam-se:
– Criar um ambiente de sono com pouca luz, temperatura adequada e evitar todos os estimulantes eletrônicos, ou seja, televisão, celular, computador, na hora antes de dormir;
– Evitar ingerir alimentos com cafeína (café, chá preto, chocolate, refrigerante de cola), durante o período noturno;
– Restringir atividades com altas cargas de estímulos físicos, cognitivos e/ou emocionais na hora antes de dormir;
– Cochilar brevemente (5 a 30 minutos) em horário apropriado, perto do início da tarde e não durante a manhã ou à noite.
Por: Universidade de São Paulo