Um novo medicamento está prestes a chegar às farmácias brasileiras e já vem gerando muita polêmica: o Mounjaro, nome comercial da tirzepatida. Embora tenha sido desenvolvido inicialmente para tratar o diabetes tipo 2, seu efeito sobre a perda de peso tem chamado a atenção e levado muitas pessoas a se interessarem por ele como uma alternativa para emagrecer.
Mas será que é realmente um “remédio milagroso”? E o que é importante saber antes de avaliar o seu uso?
Como o Mounjaro age no corpo?
De forma simplificada, a tirzepatida é uma substância que atua em dois hormônios produzidos pelo nosso corpo (GIP e GLP-1), que estão diretamente ligados ao controle da glicose e do apetite.
Na prática, o medicamento:
- Retarda o esvaziamento do estômago;
- Aumenta a sensação de saciedade, reduzindo a fome;
- Ajuda no controle do açúcar no sangue.
O medicamento ativa os dois hormônios ao mesmo tempo, potencializando o efeito na regulação da glicemia e na redução do apetite, sendo esse o principal motivo da sua eficácia, como mostrado em estudos recentes.
Para quem é indicado
Oficialmente, o Mounjaro é indicado para pessoas com diabetes tipo 2 que não conseguiram controlar a glicemia “apenas” com alimentação e exercícios. Porém, ele também tem sido utilizado – com prescrição médica – por pessoas com obesidade ou sobrepeso, mesmo sem diabetes, com o objetivo de auxiliar no emagrecimento.
Vale lembrar que, até o momento, o uso para perda de peso ainda não é a indicação principal aprovada no Brasil, mas esse caminho já vem sendo trilhado em outros países e tende a seguir por aqui.
“Bruna, qual sua opinião sobre esse tipo de medicamento?”
Essa é uma pergunta que escuto com frequência, e a verdade é que não tenho nada contra o uso de medicamentos como o Mounjaro. Em casos de obesidade, ou comorbidades associadas, acho que pode, sim, ser uma ferramenta válida.
Porém, o que defendo fortemente é que haja uma real necessidade clínica e que o uso seja sempre feito com acompanhamento médico e nutricional. Porque, mais importante do que perder peso rápido, é fazer isso com saúde e de forma sustentável e correta.
E os riscos?
Apesar dos benefícios, o uso (principalmente sem orientação e sem uma indicação bem definida) pode trazer efeitos colaterais importantes. Os mais comuns são:
- Náuseas, enjoo e vômitos;
- Constipação/diarreia;
- Redução do apetite ao ponto de prejudicar a ingestão de nutrientes;
- Perda de massa muscular, especialmente se não houver uma alimentação adequada e um treino ajustado.
Por isso, é importante lembrar: nem toda perda de peso é saudável. Em muitos casos, a pessoa se expõe a esses desconfortos sem ao menos precisar.
E é justamente aqui que entra o papel do nutricionista. Se prescrito o medicamento, é ele quem vai ajustar a alimentação à sua rotina, garantir que a perda de peso aconteça de forma segura, minimizando a perda de massa magra e garantindo a ingestão adequada de nutrientes. Além disso, o acompanhamento nutricional ajuda a desenvolver uma relação mais equilibrada com a comida, fundamental para manter os resultados mesmo após o fim do tratamento.
O Mounjaro é um avanço promissor no tratamento do diabetes e no auxílio à perda de peso. Mas ele não é um atalho mágico. Para funcionar de verdade e, mais importante, para manter os resultados, é fundamental que ele venha acompanhado de mudanças reais no estilo de vida. Antes de qualquer medicamento, busque sempre acompanhamento profissional.
Colunista
Nutricionista graduada pela Universidade Vila Velha e pós-graduanda em Nutrição Esportiva e Estética. É apaixonada por promover saúde de forma prática, combinando ciência e estilo de vida para ajudar as pessoas a alcançarem seus objetivos com equilíbrio
