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Dos 45 milhões de cegos existentes em todo o planeta, dois terços são mulheres, ou seja, 30 milhões. Os problemas de visão, de fato, afetam mais o público feminino, e as razões para isso são diversas, incluindo as alterações hormonais e a expectativa de vida alta, maior do que a dos homens.
A boa notícia é que todos os problemas podem ser tratados e até curados, o que vai definir é a rapidez com que são diagnosticados.
De acordo com a médica, Marília Vilas Boas, para que aconteça um diagnóstico precoce é importante e fundamental a seja dada a devida importância aos incômodos sinalizados pelas doenças oculares.
“Dificuldade para enxergar, ardência, coceira, dores e vermelhidão são alguns dos sintomas indicados em vários tipos de problemas relacionados aos olhos. Poucas enfermidades, como o glaucoma, são silenciosas em sua fase inicial. Por esse motivo, o acompanhamento com o oftalmologista deve ser regular”, disse o médico.
A médica disse que o fato das mulheres terem mais doenças autoimunes do que os homens também pode ser considerado um fator agravante, pois doenças autoimunes como lúpus, artrite reumatoide e esclerose múltipla, geram grande impacto sobre a visão, podendo, em casos mais graves, levar à cegueira.
Expectativa de vida e gestação também são consideradas
Como elas vivem mais, o fator idade traz consigo alguns problemas oculares que influenciam nessa questão delas apresentarem mais problemas nos olhos do que o público masculino.
“A catarata, degeneração macular e retinopatia diabética são problemas que acontecem, em sua maioria, junto com o envelhecimento, sendo doenças prevalentes nas pessoas com mais idade”, alertou a médica.
Quando jovens e férteis, a maior parte da população feminina opta por gestar um ou mais filhos, e durante a gestação ocorrem muitas alterações hormonais que também podem ter como desdobramento alguns problemas de visão.
“Os principais problemas oculares que podem ocorrer durante a gravidez: olho seco, visão embaçada, desenvolvimento da pré-eclâmpsia e do diabetes gestacional, e também sensibilidade aumentada da córnea, que costuma diminuir nos últimos meses de gestação e pode voltar ao normal após o nascimento do bebê”, disse Marília.
A médica também alertou sobre a pré-eclâmpsia que é uma hipertensão arterial específica da gravidez que pode ocorrer a partir da 20ª semana. Os sinais costumam ser identificados através dos olhos em até 8% das gestantes, sendo provável que a paciente se queixe de perda temporária de visão, maior sensibilidade à luz, visão embaçada ou com formação de halos ou flashes.
“Outro fator que também é muito importante quando o assunto é gestante é a diabetes gestacional, As altas taxas de açúcar no sangue podem danificar pequenos vasos sanguíneos que alimentam a retina. Por esse motivo, a gestante que seja diabética pode apresentar problemas nos olhos relacionados a nitidez e foco e em casos mais graves até a perda da visão”, alertou.
A advogada Elline Rodrigues disse que teve diabetes gestacional na sua primeira gestação. “Fui ao médico e tive que fazer dieta controladíssima durante todo o tempo para evitar inúmeros problemas para mim e para a criança, inclusive o médico me alertou sobre perigo de cegueira”, disse ela.
Adotar um estilo de vida saudável ajuda a evitar problemas oculares mais graves e ter constância e consciência da importância de consultar o médico oftalmologista ao menos uma vez ao ano também contribui para prevenir complicações e tratar doenças em estágios iniciais.