Saúde

Mulheres têm mais risco de perder a visão; entenda!

Estresse, variações hormonais e anticoncepcional são os vilões, diz especialista

Foto: Divulgação

Mulheres têm o sistema imunológico forte, são resistentes à dor e vivem mais que os homens. Contudo, de acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, a perda da visão é mais frequentes entre elas. O pior é que a deficiência visual está crescendo no mundo todo. Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que globalmente a cegueira e deficiência visual grave já atingem 2,2 bilhões de pessoas no mundo.

Miopia

Segundo a OMS mais de um bilhão desses deficientes podem ser recuperados com um simples par de óculos ou pela cirurgia de catarata. Queiros Neto esclarece que de todos os vícios refrativos, a miopia (dificuldade de enxergar à distância) é o que mais cresce. Isso porque, os trabalhos em ambientes fechados e as atividades próximas como usar o celular ou computador favorecem a progressão do grau. 

O especialista destaca que entre crianças esta evolução pode ser barrada com mais atividades ao ar livre que estimulam a produção da dopamina, um neurotransmissor capaz de interromper o crescimento do olho que caracteriza a miopia. “O uso de telas digitais por crianças deve ser de no máximo, 2 horas ininterruptas”, explica o médico. 

Em adultos a única terapia para interromper a progressão da miopia que pode causar descolamento da retina e glaucoma se não for barrada são as lentes de contato noturnas que aplanam a córnea e permitem enxergar bem sem óculos durante o dia.

Vida mais longa e estresse

Queiroz Neto ressalta que um dos fatores que provoca maior perda da visão entre mulheres é o envelhecimento. Isso porque este é o principal fator de risco para desenvolver catarata. Maior causa de cegueira tratável no mundo, a doença torna o cristalino opaco e tem como único tratamento a cirurgia. Consiste em substituir o cristalino por uma lente intraocular transparente. Adiar a cirurgia torna a operação mais perigosa porque dificulta a extração da catarata. 

O estresse da dupla jornada de trabalho pode antecipar o envelhecimento celular. “Isso porque aumenta a formação de radicais livres que aceleram o envelhecimento”, destaca o especialista. Outra doença decorrente do envelhecimento é a degeneração macular afeta a porção central da retina responsável pela visão de detalhes. Por isso a recomendação do médico é a partir dos 40 anos consultar um oftalmologista anualmente.

Variações hormonais

O médico explica que as variações hormonais relacionadas ao ciclo menstrual, gestação e a menopausa também têm influência na refração e produção do filme lacrimal. A lágrima protege o olho das agressões externas, mantém a lubrificação da porção externa e a transparência da córnea (lente externa do olho) “É por isso que para cada homem temos três mulheres com olho seco. A deficiência severa de lágrima pode causar cicatrizes na córnea, uma importante causa de deficiência visual”, comenta o oftalmologista. 

Foto: Divulgação

Anticoncepcional

Queiroz Neto conta que mais da metade das mulheres diabéticas que chegam ao consultório sem um bom controle da glicemia. Para este grupo a OMS recomenda interromper a pílula anticoncepcional e só voltar a usar quando o diabetes estiver bem controlado. 

Neste período a recomendação é usar DIU, dispositivo intrauterino, para evitar a perda da visão por alterações na retina. Outro estudo mostra que o uso da pílula anticoncepcional por mais de 10 anos aumenta o risco de contrair glaucoma. A doença dificulta o escoamento do líquido que preenche o globo ocular e provoca a degeneração das células do nervo óptico que são irrecuperáveis. Por isso, mulheres que já tomam pílula há 10 anos devem consultar o oftalmologista anualmente.